O evento da Fifa será a última atividade da companhia. O UOL Esporte apurou que a decisão de encerrar o negócio se baseou na falta de retorno financeiro nas áreas de produção de eventos e também na gestão de venda de ingressos para jogos de futebol. A assessoria de imprensa da Geo divulgou uma nota informando que não se pronunciaria sobre o assunto.
O braço esportivo das Organizações Globo iniciou suas atividades em 2011. A ideia era entrar no mercado de eventos esportivos, impulsionado pela escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016. A empresa trabalhava também na organização de shows e festivais de música.
Na sua curta história de pouco mais de dois anos, a GEO chegou a ter parceria com 12 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. Foi a empresa que organizou a despedida do goleiro Marcos, do Palmeiras, no final de 2012, por exemplo.
Em 2011, a Geo comprou a Outplan, empresa especializada na área de ingressos. Passou a trabalhar com mais da metade dos clubes da Série A, entre eles São Paulo, Palmeiras, Santos, Vasco, Flamengo e Fluminense. Hoje, a Outplan é a gestora da venda de ingressos de sete clubes: Avaí, Figueirense, Coritiba, Sport, Palmeiras, Santos e Portuguesa.
"A empresa entrou no setor de ingressos, que é a segunda maior fatia da arrecadação dos clubes, atrás dos direitos de transmissão. Mas esse pedaço virou algo muito volúvel. Com as novas arenas, entraram as construtoras e ficou incerto saber quem vai ficar com o valor da venda de ingressos. Então, criou-se uma dificuldade para negociar", afirmou um ex-diretor da Geo.
A companhia sofreu também com um problema enfrentado no mercado esportivo: a dificuldade de conseguir patrocínios de empresas privadas. Em 2011, por exemplo, a Geo recebeu do Comitê Organizador Local (COL) da Copa de 2014 o direito de organizar o sorteio das eliminatórias do Mundial. Em troca, teve que captar patrocínios para a cerimônia.
Sem conseguir fechar com grupos privados, fechou uma parceria com o governo do Estado do Rio de Janeiro e com a prefeitura da capital fluminense, recebendo R$ 30 milhões do poder público.
A Geo não é uma exceção no mercado de marketing esportivo. Grandes empresas que surgiram nos últimos anos, como 9ine, do ex-jogador Ronaldo, e a IMX, parceria entre o grupo de Eike Batista e a empresa americana IMG, sofreram cortes no orçamento neste ano e demitiram funcionários. Além disso, passaram a atuar também em outros ramos que não o esporte, como a produção de shows e o agenciamento de artistas.
"Houve uma valorização, uma expectativa elevada, mas na prática não foi muito bem o que aconteceu", afirma Pedro Daniel, consultor de gestão esportiva da BDO. "Havia uma espera pela enxurrada de dinheiro estrangeiro que não veio. Além disso o mercado não se profissionalizou. Por isso as empresas tem resistência em atrelar a sua marca ao esporte", analisa.
Na última terça-feira, os organizadores da Soccerex, maior feira de negócios do futebol do mundo e que vinha sendo realizada anualmente no Brasil, anunciaram que o evento de 2013 está cancelado. O congresso estava agendado para ocorrer entre os dias 30 de novembro e 5 de dezembro no Maracanã. A organização reclamou do Estado do Rio de Janeiro, que decidiu cortar seu apoio financeiro ao evento.
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