Querida cronista. Trago notícias de setembro! Mês da primavera adorada. A que, dizem, tudo renova. Eu, Plact Pluct, o extraterrestre, aproveito o raio de luar que invade sua cela do outro lado do túnel para informá-la que, setenta anos depois do último evento do tipo, o mundo in-tei-ro acaba de acompanhar o enterro da soberana britânica ao vivo e a cores. Sim, Elizabeth II partiu e, com ela, se encerra uma era. Não vou descrever o evento. Impossível nessa cartinha.
Use sua imaginação. Todinha ela! Acabou? Pois saiba que nem sua loucura voluntária é capaz de projetar o “mico Brazil” composto de pronunciamento na sacada da sede diplomática brasileira de Londres, “pitis” com a imprensa do mandatário brazuca e desatinos histéricos de seus asseclas. Enquanto o mundo mimava os corgis, os doguinhos da rainha morta, a matilha raivosa ladrava na porta da embaixada. Não tenho informações, sobre outras altercações (tirando um súdito que se projetou em direção ao caixão durante o velório), na capital do reino silencioso e enlutado durante os funerais reais. Mitamos na baixaria.
Se a intenção era “desenhar” um roteiro de estadista para o presidente brucutu, faltou talento e companhias que pudessem colaborar com a pantomima. Não houve religioso ou herdeiro candidato a embaixador que lhe ensinasse a não tocar no rei, por exemplo. Gargalhar pra fotografia diante do filho enlutado, então…
Por que estou contando isso, cronista? Para fazer um mea culpa e reconhecer a veracidade do que você me apresentou no período em que convivemos. Ainda não ligou os fatos a série de TV? Já, não é? Vejo o lampejo de um sorriso sucupiriano no brilho do seu olhar de quase Dirceu Borboleta! Pois foi quando assisti, sob sua curadoria, “O Bem Amado” que, pela primeira vez, duvidei de sua “bibliografia” para me explicar o Brasil.
Achei que os fatos ali narrados, surreais demais, não passassem de imaginação fértil e fantasia deslavada do autor genial da novela que virou série. Tiro o chapéu à capacidade de serem inconvenientes de alguns que se acham (para não citar nomes). Que papel!
Feita a introdução, lembrando que as eleições são logo ali, destaco fatos. O primeiro é que 70% dos eleitores ainda não escolheram seus representantes aos parlamentos. Irão para o lugar em que monstros esfomeados se lambuzam nos orçamentos secretos que aprisionam valores exorbitantes. Valores que deveriam ser usados em políticas públicas definidas de forma articulada com a sociedade.
O segundo é o esforço coletivo, por assim dizer, para que a eleição a presidente se encerre no primeiro turno. O candidato a reeleição é categórico em afirmar que se não ganhar de cara (o que não deve acontecer, já que está em segundo lugar nas pesquisas) é porque houve fraude! Enquanto isso, o preço da gasolina cai a cada ponto que leva o ex-presidente à vitória.
Acho que na próxima lua saberemos o fim, pelo menos desse capítulo, da saga bolsonariana. Após os próximos blocos do episódio em curso em que o cenário é New York, a Assembleia da ONU.
Para fechar essa missiva, já que falei lá em cima em curadoria, dei um rasante na ArtRio 2022. Ela levou à deslumbrante Marina da Glória, 60 galerias e 15 instituições artísticas depois da pausa da pandemia. 50 mil pessoas circularam pelo espaço. Uma das rodas de conversa foi sobre um tema que, sei, lhe é caro. “Exú nos museus e na Avenida”, abrindo caminhos ao reconhecimento dos incríveis e numerosos artistas que fazem a festa popular e precisam ser nomeados e reconhecidos como tais no mundo das artes.
Flanando pelos corredores também reconheci, graças a sua paixão pelas artes plásticas de Mato Grosso, um peitinho de Adir Sodré, já vendido em benefício da Casa Nem, e uma cabeça de bugre da Conceição. Gervane de Paula tinha à ufa! Ao imaginar o brilho do sorriso bailando novamente no seu olhar, arrisco a pegar uma encruzilhada desse nosso contato pra fazer um convite.
Em nome de seus amores: as artes, a cultura, o carnaval e a vida, se desentoque no dia 2 de outubro. Venha exercer seu sagrado direito ao voto. Digite, na urna eletrônica, os números capazes de fazerem com que Sucupira volte a ser o que deveria. Apenas uma obra de ficção genial de Dias Gomes!
Laroiê…
Vídeo:
Fotos:
1)Em construção
2)Conversa "Exu nos museus e na Avenida"
3/4/5)Das obras de Adir Sodré (detalhe e conjunto) e Conceição.