Divulgada na terça, 17, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central – que terminou com a elevação da Selic em um ponto porcentual, para 12,25% – afirma que houve “materialização dos riscos” em relação à trajetória da inflação.
No documento, o BC reafirmou que haverá mais duas altas de um ponto nas próximas reuniões, em janeiro e março de 2025, mas não se comprometeu com o fim do ciclo. Ou seja, não há um teto para a Selic, e isso já fez com que alguns bancos e consultorias começassem a revisar para cima suas estimativas para os juros no ano que vem.
Para o BC, a inflação de serviços está mais forte – em função do desemprego baixo e do crescimento mais acelerado do PIB -, há repasses de preços por causa da alta do dólar e as expectativas de inflação estão “desancoradas”, em parte porque a política fiscal do governo não transmite confiança para os agentes econômicos. Para completar, há o quadro externo mais adverso, com a eleição de Donald Trump, que pode fazer a inflação nos EUA ficar mais alta do que se esperava.
“Em função da materialização de riscos, o comitê avalia que o cenário se mostra menos incerto e mais adverso do que na reunião anterior. Riscos à alta da inflação, tais como a resiliência da inflação de serviços, a desancoragem das expectativas e a depreciação cambial se materializaram. Assim, um cenário que até então se mostrava bastante incerto tornou-se mais adverso”, diz a ata.
Para o BC, o pacote fiscal anunciado pelo governo frustrou as expectativas do mercado, e isso se transformou em aumento do dólar e piora das expectativas de inflação. Na visão do banco, a política fiscal do governo Lula é “expansionista”, ao contrário do que diz o Ministério da Fazenda. O Copom afirma que há “impulsos” fiscais mais fortes do que o antecipado e, por isso, pede que as duas políticas, fiscal e monetária, sejam harmoniosas.
A reunião da semana passada do Copom foi a última sob o comando de Roberto Campos Neto, cujo mandato expira neste mês. O seu lugar será assumido pelo atual diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo.