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Em alta de 0,49%, Ibovespa emenda 3º ganho e se reaproxima dos 138 mil pontos

O Ibovespa emendou terceiro dia de gradual recuperação – em ajustes diários de cerca de meio por cento -, reaproximando-se dos 138 mil pontos. Nesta quinta-feira, 12, escorou-se em Petrobras (ON +2,76%, PN +2,25%) mesmo sem o apoio do petróleo, sem direção única na sessão e em baixa no encerramento de Londres e Nova York, em realização de lucros na commodity após o salto da véspera, quando as cotações do Brent e do WTI haviam subido mais de 4%. Os papéis da estatal foram estimulados, na sessão, pela perspectiva de dividendos extraordinários.

Aqui, o índice da B3 oscilou dos 136.175,43 até os 137.931,05 pontos (+0,59%), saindo de abertura aos 137.127,23 pontos. E fechou aos 137.799,74 pontos, em alta de 0,49%. O giro financeiro subiu a R$ 28,6 bilhões nesta quinta-feira. Na semana, o Ibovespa acumula ganho de 1,25% e, no mês, avança 0,56% – no ano, tem alta de 14,56%, com o índice tendo convergido hoje para o maior nível de fechamento desde 29 de maio, então aos 138,5 mil pontos.

Entre os maiores bancos, as variações ficaram entre -0,86% (Santander Unit) e +1,42% (Bradesco ON) no fechamento. Na ponta ganhadora do Ibovespa, Embraer (+4,29%), Marcopolo (+2,84%), BTG (+2,56%) e Hypera (+2,53%), além dos dois papéis de Petrobras. No lado contrário, MRV (-4,68%), BRF (-3,14%) e Yduqs (-3,06%). Entre as blue chips, Vale ON, a principal ação do Ibovespa, caiu 0,66%.

“Dia de leve variação na curva do DI e também no Ibovespa, com Petrobras assegurando o sinal positivo para o índice. Nos Estados Unidos, destaque da agenda pela manhã, a inflação ao produtor (PPI) veio um pouco abaixo do esperado para maio. E, no Brasil, o aumento no IOF e a mudança no IR sobre títulos incentivados ainda trazem um nível de incerteza, com sinais ainda de impasse sobre o que virá a ser decidido. Incerteza explica a pausa, o mercado um tanto de lado como temos visto”, diz Pedro Caldeira, sócio da One Investimentos.

“Pacote apresentado pelo governo vai muito além de banco, afeta investidores individuais, o setor produtivo – principalmente o agronegócio, a infraestrutura e a construção civil -, e também as empresas que captam recursos no mercado”, diz Pablo Alencar, sócio da Valor Capital.

“Quando se tributa títulos incentivados, fundos imobiliários, debêntures, JCP e criptoativo, o governo enfraquece instrumentos que ajudam a fortalecer o mercado de capitais. Na prática, há uma uniformização de alíquotas, mas também uma desorganização de um necessário ambiente de previsibilidade jurídica. As coisas mudam de forma muito rápida aqui”, acrescenta Alencar, observando também que o Congresso já estaria começando a notar ser necessário cortar gastos para haver um melhor enquadramento das contas públicas.

Em evento em Mariana (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu hoje haver um “clima muito ruim” na Câmara, e que o governo continua tentando corrigir distorções no País, mas que está “muito difícil” cumprir essa missão. “Tem deputado que não quer falar, só quer pegar o celular e falar bobagem”, afirmou o presidente, observando, também, que se o PIB cresce 3%, é preciso distribuir o crescimento ao povo. “Empresários e banqueiros dizem que o governo está gastando demais, que dá benefícios demais.” E acrescentou: “damos R$ 800 bilhões em isenções aos ricos, é quatro vezes o Bolsa Família”.

Em Brasília, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou hoje que verificará a possibilidade de que os deputados possam aprovar, ao mesmo tempo, a derrubada dos dois decretos do governo relacionados ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). As declarações ocorreram após reunião de líderes da Câmara na manhã desta quinta-feira.

“No cenário externo, a desaceleração do índice de preços ao produtor (PPI) nos EUA, hoje, somada à leitura do CPI divulgada ontem e aos pedidos de seguro-desemprego acima do esperado nesta quinta-feira, reforça a expectativa por corte de juros pelo Federal Reserve em setembro”, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

Contudo, no cenário doméstico, acrescenta o analista, o real não conseguiu acompanhar o enfraquecimento do dólar no exterior, refletindo preocupações locais, especialmente quanto à pauta fiscal. No fechamento, o dólar à vista mostrava leve alta de 0,09%, a R$ 5,5426.

Dólar

O aumento da percepção de risco fiscal, diante da resistência do Congresso ao novo decreto do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), tirou força do real na sessão desta quinta-feira, 12. Apesar da onda global de desvalorização da moeda americana, após leitura benigna da inflação ao produtor nos Estados Unidos, o dólar apresentou leve alta no mercado local e voltou a fechar na casa de R$ 5,54.

O governo publicou na quarta-feira à noite a Medida Provisória com alterações como taxação de letras financeiras imobiliárias e do agronegócio e aumento da tributação de bets e do setor financeiro, além do novo decreto a respeito do IOF, com recalibragem de alíquotas.

O dólar até ensaiou uma queda, embora bem limitada, na abertura do pregão, mas trocou de sinal ainda na primeira hora de negócios e renovou máximas no início da tarde, quando começaram a pipocar notícias dando conta da ofensiva de parlamentares contra as alterações no IOF.

Com máxima a R$ 5,5585, o dólar à vista encerrou o pregão a R$ 5,5426, alta de 0,09%. A divisa apresenta queda de 0,49% na semana. No mês, as perdas são de 3,09%, o que leva a desvalorização acumulada em 2025 a 10,35%.

O caldo entornou assim que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou, em seu perfil no X, que o colégio de líderes da Casa decidiu pautar a urgência do projeto de decreto legislativo (PDL) que susta efeitos do novo decreto do governo que trata do aumento do IOF, publicado na quarta-feira.

“A Câmara dos Deputados se mobiliza para tentar derrubar o decreto de alta do IOF. Ainda não está claro qual será o desfecho, mas o mercado reagiu com cautela: o real, que vinha se valorizando pela manhã, passou a se desvalorizar levemente”, afirma o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala.

Mais tarde, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, disse que iria verificar a possibilidade de os deputados aprovarem, ao mesmo tempo, a derrubada dos dois decretos do governo relacionados ao IOF. Caso apenas o decreto da quarta, com a recalibragem das alíquotas, seja derrubado, o decreto anterior, que foi alvo de muitas críticas, passaria a valer.

Em seguida, durante discurso em Mariana (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que existe um “clima muito ruim” na Câmara dos Deputados. Lula criticou o debate sobre a desindexação de benefícios sociais do salário mínimo e defendeu as medidas propostas pelo Ministério da Fazenda, ressaltando que não foi eleito para “fazer benefício para rico”.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), defendeu o decreto do IOF, que considera “emergencial para fazer frente a contingenciamentos e bloqueios”, e afirmou que o presidente da Câmara vai pautar a urgência do PDL que suspende o novo IOF somente na segunda-feira, 16.

No exterior, o índice DXY – termômetro do dólar ante uma cesta de seis divisas fortes – apresentou queda firme e furou o piso dos 98,000 pontos, com mínima em 97,602 pontos. Moedas vistas como refúgio em momentos de aversão ao risco, o franco suíço e a coroa sueca subiram mais de 1% com o aumento das tensões no Oriente Médio, após a retirada de funcionários americanos da região.

Depois da leitura benigna da inflação ao consumidor nos EUA, divulgada na quarta, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) e seu núcleo vieram abaixo das expectativas, reforçando o quadro de moderação do ritmo de aumento dos preços. O PPI subiu 0,1% no mês passado, enquanto analistas esperavam avanço de 0,2%.

A equipe da corretora Monte Bravo acredita que o tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, deve trazer um choque inflacionário passageiro e pontual entre o segundo e o terceiro trimestre deste ano. Em seguida, a inflação nos EUA tende a arrefecer e se encaminhar para a meta de 2%.

“Seguimos com a expectativa de que o Federal Reserve começará a reduzir os juros a partir de setembro, com três cortes de 25 pontos-base, levando a taxa básica para 3,75% ao ano em dezembro”, afirma o time da Monte Bravo, para quem, em um quadro global favorável a emergentes, é possível imaginar a taxa de câmbio recuando até R$ 5,40 no terceiro trimestre.

Juros

Os juros futuros fecharam desta quinta-feira, 12, perto da estabilidade, após percorrerem a sessão majoritariamente em alta, em meio às disputas em torno da questão do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Outro fator de pressão veio do leilão de prefixados do Tesouro com risco bem maior para o mercado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 14,845%, de 14,881% no ajuste de ontem, e o DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 14,18% (de 14,21%). O DI para janeiro de 2029 passou de 13,54% para 13,53%.

As taxas curtas oscilaram de maneira contida, dada a proximidade da reunião do Copom na semana que vem e da expectativa de sinalização de Selic parada em níveis elevados por período prolongado, ainda mais diante do aumento da temperatura do quadro fiscal. “O que estamos vendo agora (sobre o IOF) não interfere na decisão do Copom da próxima semana, mas sim no que pode ocorrer nos próximos meses”, afirma a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.

Após críticas de parlamentares e empresários, o governo publicou ontem decreto que recalibra o IOF e uma Medida Provisória (MP) com as alternativas à medida. Hoje pela manhã, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou que o colégio de líderes da Casa decidiu pautar a urgência de um projeto de decreto legislativo que susta efeitos do decreto, o que trouxe grande estresse aos mercados. “Há uma sensação de que tudo pode mudar rapidamente a qualquer momento”, avalia Veronese.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), porém afirmou que buscará entendimento até segunda-feira (16), dia em que os deputados devem votar o projeto porque, segundo ele, ainda não há discussão sobre o mérito. “A maioria dos líderes sequer leu ainda o novo decreto”, argumentou.

Os parlamentares do Centrão parecem estar unidos contra a possibilidade de aumento de impostos, cobrando do governo medidas pela via de corte de gastos, o que representa um desafio para a articulação política do governo.

Para Jeferson Bittencourt, head de macroeconomia do ASA, o IOF, com muitos efeitos negativos do ponto de vista econômico, gerava uma perspectiva de alcance de resultados fiscais, mesmo que pouco ambiciosos para a sustentabilidade fiscal. “O imbróglio que se gerou com a iniciativa, sua substituição por Medida Provisória e Decreto e o ruído político, coloca dúvidas agora até mesmo sobre o alcance destes resultados tímidos”, diz Bittencourt. “Neste cenário, é difícil achar que uma solução via reformas estruturais é mais provável que uma flexibilização das metas”, alerta.

Segundo a economista, o impasse do IOF acabou ofuscando qualquer possível reação da curva à Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), que trouxe queda nas vendas do varejo ampliado (-1,9%) em abril na margem maior do que a mediana das estimativas (-1,4%).

Já o Tesouro ofertou lotes grandes de prefixados para o leilão desta quinta-feira, com 16 milhões de LTN e 6 milhões de NTN-F. Foram efetivamente vendidas 15,45 milhões de LTN e todo o lote de NTN-F. Segundo a Warren, o DV01 (risco) do leilão foi 43,9% acima do anterior, sendo o maior desde 20/03/2025.

Estadão Conteudo

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