Cidades

Eletrônicos ganham a preferência dos pequenos

Muita atenção na hora da escolher presentes para as crianças: os eletrônicos estão roubando a cena dos pequenos, que outrora brincavam de casinha, bicicleta, esconde-esconde, rouba bandeira, bonecas e artefatos de madeira, e agora preferem smartphones, tablets, notebooks, carros com controle remoto e bonecas que andam e falam. Até onde esta preferência pode ser prejudicial?

O lúdico e a diversão estão voltados para horas de imersão num mundo só deles, isolado, em que perdem o contato real com outras crianças, como num esporte. O problema é que este comportamento pode ocasionar transtornos sociais como agressividade, em virtude de jogos de game que simulam guerra e violência nas ruas. Ou mesmo se tornarem depressivos e antissociais.

A questão é o limite. O psicólogo clínico Eliéverson Douglas da Costa alerta quanto aos malefícios que começam a ocorrer no comprometimento da saúde mental, cujo excesso pode atrapalhar o desenvolvimento da identidade da criança.  

“Porque a imaginação é importante para a constituição subjetiva do sentido de vida. E vivemos um momento de revisão iminente do que é certo e errado”, explica.

Porém, crianças a partir dos três anos de idade já pedem eletrônicos e vão com a escolha definida a comprar o modelo de celular, tablet, game ou qualquer outro aparelho digital. A escolha de brinquedos tradicionais normalmente segue até os 10 anos. 

“Hoje crianças com três, quatro anos já querem o tablet”, observa Napoleão Elia, gerente comercial de uma loja de brinquedos e de eletrônicos, no comércio há quase 30 anos.

Beto de Souza, pai de três filhos, sendo um de seis anos, vive esse processo e declara que o desenvolvimento escolar depende muito dos pais: “Como eu estou sempre olhando o caderno dele, pego no pé para fazer as tarefas todos os dias”.

“Os outros já escolhiam os brinquedos tradicionais. Mas o menor já sabe o que quer: mexer no whatsapp (aplicativo de comunicação) e brincar somente com eletrônico. Na escola atrapalha o estudo e acaba deixando de jogar bola com outras crianças”, continua ele. 

“Vejo que o tempo foi curto para nos adequarmos e, por motivos de autopreservação, muitas vezes o que se apresenta como novo nos causa estranheza e acabamos por julgar de forma negativa tais mudanças. É preciso adequar a tecnologia a nossas vidas”, observa o psicólogo.

Prós e contras 

O uso de eletrônicos pelos pequenos aficionados tem seus prós e contras. Por um lado desenvolve habilidades de aprendizado interessantes, no entanto podem ser prejudiciais à saúde e comprometer a formação da identidade da criança até a fase adulta.

“São extremamente importantes. As crianças hoje são alfabetizadas de forma mais dinâmica”, esclarece Eliéverson.

No entanto, ele aponta um problema quanto ao uso apenas desse meio como fonte de entretenimento e estímulo para o desenvolvimento infantil, pois disponibiliza uma carga de informação excessiva, que muitas vezes descompassa o tempo da criança para separar o certo do errado. Por isso, é importante que os pais aprendam também a tecnologia para limitar o uso desses mecanismos pelos filhos.

Ainda, o excesso aos meios de informação digital retira a criança das atividades de contato, como a brincadeira em grupo que é essencial para o consumo de energia e exercícios aeróbicos na infância. “A perda de calorias se faz em conjunto com o delineamento narcísico da autoimagem e constituição do ego (o eu de si mesmo) na infância, culminando com uma identidade segura na vida adulta”, diz Douglas.

Os problemas mais comuns do uso de eletrônicos por crianças são o déficit de atenção, a obesidade, as dores musculares e a tendinite, dentre outros.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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