Circuito Entrevista

‘Eles não têm na mente que a mulher está ali para vencer’

Gisela Simona. Este é um dos nomes que deverá ficar na cabeça dos mato-grossenses como promessa da renovação da classe política. Ela, que ficou (re) conhecida pela população após ser a porta-voz do PROCON de Mato Grosso em diversas entrevistas a imprensa e por sua forma combativa na defesa dos direitos dos consumidores, foi uma das candidatas à deputada federal nas eleições deste ano. A nona mais bem votada em todo o Estado.

Gisela é formada em direito pela Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat). Prestou concurso e entrou para o PROCON em 2001 atuando em casos na defesa do consumidor. De 2009 a 2017, ela ficou a frente da Superintendência do PROCON – o mais alto cargo administrativo do órgão. Exerceu a função durante 9 anos até ser exonerada pelo governador Pedro Taques (PSDB) por entrar em conflito com interesses políticos e econômicos", como a própria candidata escreveu em uma publicação no Facebook.

Neste ano, ela entrou para a política. Era sua primeira vez. Como estreante, era um dos nomes mais cotados em pesquisas eleitorais. Gisela recebeu 50.686 votos de eleitores mato-grossenses no dia de domingo da votação. Por pouco mais de 350 votos, ela não conseguiu conseguir uma vaga na Câmara dos Deputados em Brasília. Mas ela se tornou a primeira suplente, caso um dos oito parlamentares federais eleitos saiam.

Gisela conversou com o Circuito Mato Grosso e falou sobre a experiência de ser candidata e dos desafios da candidatura feminina no Estado.

CMT: E como foi o dia da votação?

G.S.: Foi um dia de muita expectativa. A gente sabia que de alguma forma ia ser uma caixinha de surpresa. Foi uma campanha muito curta. A classe política fez uma legislação que, na verdade, favorece quem tem mandato. Você dizer que, em 45 dias, uma pessoa nova na política vai conseguir se apresentar e conquistar o voto de confiança das pessoas é impossível. Então, a gente teve a felicidade de que, do tempo que tive no PROCON e a partir de certa visibilidade por contas das entrevistas, as pessoas tinham essa memória fotográfica da Gisela do PROCON. Então, tanto que meu nome de urna é Gisela Simona. Mas as pessoas não sabem quem é a Gisela Simona. Mas, quando falavam 'Gisela do PROCON', as pessoas logo identificavam.

CMT: Foi uma escolha sua puxar a imagem do PROCON para seu nome?

G.S.: Na verdade, existe uma proibição legal de ter o nome. Por que PROCON é um nome de órgão público. Então, você não pode ter um nome de urna como "Gisela do PROCON". Eu posso falar que eu fui do PROCON por ter trabalhado lá. Mas eu não posso usar como nome de urna.

CMT: Mas e os delegados e os juízes que usaram cargos públicos em seu nome, como Selma Arruda?

G.S.: Por isso é que ela sofreu uma série… Mas não arrisquei por que, sendo bem transparente com você, nossa campanha é modesta. Financeiramente falando, pobre. E se a gente corresse o risco – e até podíamos ter corrido o risco de fazer "Gisela do PROCON" –, mas imagina que, você fizesse o Santinho e a Justiça manda retirar. Eu ia perder minhas 100 mil cópias de santinhos. Eu não tenho dinheiro para isso. Quem tem um pouco mais de condição financeira, arrisca. Tanto que eu fiz o virtual. A gente usou muito rede social para fazer a campanha. Meu maior gasto em campanha é com rede social por que a gente sabia que era o que tinha condição de chegar em todo o Estado de Mato Grosso. Então, a gente gastou muito com impulsionamento nas redes sociais para poder disparar nosso material por que não teríamos condições de ir pessoalmente ou fazer um material físico chegar.

CMT: E como foi a experiência da campanha?

G.S.: Tem duas situações. Uma, eu junto à classe política e [segundo] eu junto com a população. Com a classe política foi decepcionante. Primeiro, vamos colocar desde dentro do partido. O PROS é um partido novo. Quando eu fui, eu não fui sozinha. Fui eu e um grupo de servidores públicos que eram do fórum sindical. Nós queríamos um partido naquele momento que não coligasse com Pedro Taques, que era o nosso “Calcanhar de Aquiles” desde a época do RGA. Logo que eu fui exonerada do PROCON, houve uma coincidência ou não de que a minha presidente do sindicato estava gestante e foi uma gravidez de risco. Então em assembleia, nossa equipe deliberou para que eu assumisse nosso sindicato. O momento que assumi foi justamente no período da greve do RGA. Foi quando eu me aproximei do sindicato e aí fazemos esse trabalho conjunto que foi aqueles 33 dias de greve. E algo que a gente sentiu naquele momento, era que o servidor público precisa ter representante tanto na Assembleia quanto no Governo Federal. Por outro lado, você tinha lá o [presidente] Michel Temer colocando a culpa da pobreza no Brasil nos servidores públicos. Então, por entender que tudo isso é tudo muito injusto e entender que é preciso que tenha servidores públicos, então eu vim para a questão política – e até então eu nunca tinha pensado. Se há quatro meses atrás, se falasse de política, eu desconjurava, como diz o cuiabano. Não quero saber disso. Não vale a pena esse povo. Não!

Então, eu vim para o PROS por conta dessa articulação do fórum sindical e por conta dessa não coligação com Pedro Taques, pois os partidos pequenos estavam todos indo para lá. A gente se filiou ao PRÓS por conta disso. Eu filiei no dia 7 de abril que foi o último dia previsto na lei para se filiar. Então, o PRÓS foi realmente o partido que deu essa abertura e essa guarida para os servidores públicos. Entendo que fez uma coligação bacana no final.

E o que aconteceu quando a gente lançou a candidatura? O partido tinha me comprometido, sendo bem aberta, por exemplo, nós vamos te passar 100 mil reais e na medida em que, dos [candidatos a deputados] federais, for pontuando nas pesquisas e etc., a gente vai ajudando mais. E na verdade caiu o dinheiro do fundo, você pode olhar a prestação de contas que é pública, foi a que menos recebi recurso. Recebi R$ 35 mil do partido. A Joquebedy [Mourão] recebeu R$ 100 mil. O [policial federal Rafael] Ranalli, R$ 100 e pouco mil. O [Adauton] Tuim quase R$ 200. E não era o que tinha sido combinado – mesmo aparecendo nas pesquisas. Eu briguei com o partido por que tem a questão do fundo partidário, que as mulheres têm direito a 30% do fundo.

CMT: Você acha que não foi obedecida essa margem dos 30%?

G.S.: Então, eu não olhei depois quanto que ficou com a Joquebedy para saber dessa divisão. Se foi cumprido ou não no geral. Eu sei que, na última semana, me depositaram R$ 90 mil. Na última semana que você já não tem mais tanta coisa para você fazer. Tinha só rede social mesmo para poder impulsionar e etc. Pelo menos, o Partido PROS errou. Por que eles tinham que ter analisado e investido em quem tinha reais possibilidades. Sem criticar meus colegas de partido, mas Joquebedy teve 2 mil votos, o Tuim teve 4.400 votos. Se tivesse sido feito investimento diferente, de acordo com as próprias pesquisas que foi o critério interno que o partido colocou, talvez tivéssemos aí conseguido esses 344 que faltou para ser eleita. Então, nesse ponto de ver que o partido discriminou por não ter mandato. Por que é isso – quem tem mandato parece que tem mais chances. Discriminou no sentido de ser mulher, de não acreditar no potencial. Isso eu senti. Muito. Tanto por parte do PROS nacional quanto do PROS local.

E aos demais concorrentes, independente, como eu estava nas ruas, então era muito ruim quando via assim as pessoas perguntando "mas você vai pagar quanto?". Por quê? Por que já tinha passado outros candidatos e oferecido dinheiro para adesivar, oferecido dinheiro para plaquinha na casa. Isso é um vício muito ruim quando eu sempre dizia que nós temos que assumir nossa meaculpa pelo país estar do jeito que está. Na medida que, a população se prontifica a receber, você cria isso na classe política. Ver que hoje alguns candidatos, reeleitos principalmente, usaram muito dinheiro para estar onde está. Isso é muito ruim.

Mas estou me sentindo muito feliz hoje. Vitoriosa mesmo. Por que nós sabemos que os votos que tivemos foram conquistados. As pessoas votaram por que tiveram esperança, por que acreditaram que a gente poderia fazer alguma coisa. Então, os abraços que eu recebi na rua e o carinho das pessoas. Nossa equipe foi muito surpreendida com isso. Me sinto muito feliz e vitoriosa por esse voto de confiança da população de Cuiabá. Acredito que seja um reconhecimento do trabalho que a gente fez no PROCON e da forma que a gente saiu, que até hoje é a pergunta que mais me fizeram. Todas as reuniões que a gente fazia. O que que aconteceu? Por que você foi exonerada? Mas acho que as respostas da urna foi importante. Não só o positivo meu, mas a própria derrota do governador atual é uma resposta para isso o que a gente estava acompanhando.

CMT: A senhora tocou no ponto da exoneração. Poderia comentar o que aconteceu? Foi um lance interno com o governador Pedro Taques?

G.S.: Para você ter uma ideia, eu nunca – embora gestora do PROCON – fui convidada para conversar com ele pessoalmente. Eu participei de algumas reuniões de terceiro escalão na Casa Civil. Mas nunca um "Gisela, venha conversar comigo". Faltou pedido de minha parte, mas nunca quis me receber. Eu coloco muito a minha exoneração por conta da demanda que estávamos envolvidos com o transporte coletivo. Nós descobrimos um superfaturamento que a linha Cuiabá-Várzea Grande que a meu ver, tanto a AGER na época, que era comandada pelo Eduardo Moura, agiu errado; o Governo sabia e agiu errado, e nós denunciamos. Aqui nós não precisamos esconder nada de ninguém e sabemos que a empresa de transporte terrestre envolve o atual presidente da Assembleia Legislativa. Não queria que essa denúncia fosse feita. A gente denunciou e isso causou o descontentamento. Muita coincidência ou não, logo que o Eduardo Botelho assumiu a presidência da Assembleia, eu fui exonerada e [Taques] coloca alguém exatamente do partido dele para assumir o PROCON. Então assim, quem acredita em coincidência, eu não acreditei. Não teve nenhum outro motivo de conflito nesse período por conta disso.

CMT: A senhora disse que assinou no último dia. Estava indecisa?

G.S.: Eu não queria ser candidata. Não queria me envolver com a questão política exatamente por isso. Você tá o tempo todo vendo que parece que não adianta e que nada vai mudar. Então, você quer se manter distante. Mas o que eu percebi é que não tem outro jeito. A gente só muda com a política e com o voto. Por isso, eu resolvi aceitar.

CMT: O que você tinha em mente antes de se candidatar e que, após entrar no processo político e eleitoral, você passou a olhar diferente?

G.S.: Assim, eu generalizava também no sentido de que não valeria a pena. Ninguém presta por que não dava certo. Só que não é assim. Na verdade, o que eu tenho muito de concreto hoje na minha vida, é que tudo o que a gente generaliza a gente erra. Por que, em todas as classes e em todas as profissões, você tem gente boa e tem gente ruim. O grupo do PROS, por exemplo, é um partido que eu gostei muito dos candidatos. Primeiro por que são pensamentos muito diferentes. Você tinha gente de esquerda, de direita e de centro e que coincidiu muito com a coligação que a gente fez parte. Por que a Coligação do Wellington Fagundes é plural. Você tinha ali Maria Lúcia do PCdoB e o Adilton Sachetti. Falo assim das visões do agronegócio, por exemplo. Você tinha essas visões e a gente conseguindo ouvir a história de cada um, você conseguindo ouvir os motivos de cada um, então é perfeitamente possível entender as causas que eles defendem. Então, particularmente, eu me surpreendi. O próprio Wellington Fagundes é uma pessoa que só conhecia da vida política. Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente. E, na verdade, admirei sim o estilo e o jeito de ser. Muito franco. O que dá, dá. O que não dá, não dá. Então existe gente séria na política.

CMT: A senhora acabou se destacando nas pesquisas. Era um nome cotado. Mas infelizmente acabou não indo. O que se deve a isso?

Faltou tempo. Faltou, aquilo que eu te falei, investimento do partido. O Partido não acreditou que a gente poderia conseguir. Quer dizer, o próprio recurso que o partido deu e, que se fosse dado no início na campanha, a gente teria tido mais perna e mais braço para chegar. Por que o que a lei permite? Ela permite que você contrate pessoas para poder sair na rua com você e entregar santinhos e falar quem é o candidato. Mas nós não tínhamos isso. Nós fomos conseguir nas últimas duas semanas de campanha que a gente conseguiu contratar pessoas, que a gente teve condições de pagar mais impulsionamento de rede social. Então assim nós começamos a campanha emprestando dinheiro dos amigos, vaquinha eletrônica e o pessoal ajudando a fazer vídeo. Tem colegas que fizeram gratuitamente para nos ajudar. Foi assim que começou. Aí a gente criou um grupo de WhatsApp que a chama de GAPE – o Grupo de Articulação Política Estratégica – do projeto Gisela Simona. Todos voluntariados. E para você ver que a rede social ajudou que, assim, foi gente de Nova Mutum, de Alta Floresta, de Campo Novo do Parecis, de Tangará da Serra, de Brasnorte. Eles falaram assim "eu quero ajudar, manda santinho para cá que a gente entrega". Então a gente foi se surpreendendo com isso. Por que quando a campanha começou, a nossa estratégia era de bater Cuiabá e Várzea Grande, que são os lugares mais baratos por que já estamos aqui. Mas se você olhar eu tive voto em 50 municípios. 50, 100, 70 ali. Por causa dessas pessoas que foram voluntária pela rede social e se prontificaram a fazer o trabalho lá e a gente foi mandando. Tinha dia que a gente despachava para 10, 20 e 40 municípios. E as pessoas pedindo pelo Messenger e Instagram para mandar santinho para lá.

CMT: Mas o partido faltou com as candidatas femininas?

G.S: Faltou, faltou. Se você conversar com todas as mulheres do meu partido, todas vão dizer que estão decepcionadas. Eu trabalhei mais perto com a Stefany Anjos, que aquela guarda municipal de Várzea Grande…

CMT: É aquela que teve um episódio triste…

G.S.: Isso. Foi lá na Câmara de Vereadores. Ela atuou um vereador e aí fizeram uma monção de repúdio contra ela por ter feito o trabalho dela. O slogan dela era a lei vale para todos. Ela foi uma das pessoas que praticamente não recebeu recurso. Todas as mulheres do partido que, na verdade, reclamaram muito dessa ausência. Eu falo que a mulher, embora você tenha a cota partidária, você vê claramente que os partidos só querem que cumpram com a cota partidária.

CMT: Naquela visão que a Justiça Eleitoral desaprova.

G.S.: Ilegal. Só quer que cumpram. Eles não têm na mente que a mulher está ali para vencer. Eles querem que você seja uma pessoa de fachada. E foi essa minha briga com o PROS nacional. Quando eu vi o valor que caiu na minha conta do partido e eu vi o quanto caiu nas contas dos homens, eu enlouqueci. Então eu falei assim "vocês estão achando que eu estou aqui para brincar, que eu estou largando a minha vida para poder entrar numa campanha e brincar de se candidata? Eu não estou brincando. Eu estou falando sério". Mas aí não falaram mais comigo também. Me cortaram. Mas A gente passou por tudo isso durante a campanha.

CMT: Pensou em buscar a Justiça Eleitoral?

G.S.: Pensei, pensei. Cheguei a fazer o requerimento. Mas quando eu estava com o requerimento pronto, que eu fui falar com o presidente do partido – e sou muito do diálogo – e falei "tá aqui o requerimento". Praticamente ameacei, no sentido. Eu vou bloquear o dinheiro desse partido e ninguém vai fazer campanha. Se não passarem aquilo que é meu de direito, eu vou. Mas, como o presidente do partido, naquele dia que eu fui, se comprometeu a cumprir com os 30%. Foi o período que a gente deu o prazo para que fosse feito o repasse. Foi feito parte desse repasse sim. E foi por isso que não foi para frente. Na distribuição, que foi demonstrada para mim, quando você junta o valor que foi passado para mim e para Joquebedy, que é outra candidata a deputada federal, aí tem o cumprimento da cota para os 30%.

CMT: E o que achou do resultados nessas eleições?

G.S: Então, eu gostei das renovações que tiveram. Acho que isso foi muito positivo. Foi uma resposta para a população que a gente não está contente com a forma que tá aí. Eu não gostei de não ter dado segundo turno.

CMT: Para presidente?

G.S.: Não. Para Mato Grosso em que o Mauro Mendes ganhou. Não por que eu estava apoiando o Wellington. Mas, quando a pessoa ganha com uma folga razoável, você dá muito poder para essa pessoa achar que ela é perfeita e ficar um pouco arrogante. Quando você chega numa disputa que é um pouco mais suado, a pessoa valoriza mais. A população poderia ter dado a chance de dois candidatos irem [para o segundo turno]. Por exemplo, rolou muita coisa na internet que até agora não se sabe se é fake news ou se não é. Então um segundo turno seria importante para esclarecer esses episódios que surgiram de ambas às partes. Então eu vejo que isso não é tão bom, mas, de qualquer forma, aumenta mais a responsabilidade para o governador Mauro Mendes. Com esse índice de aprovação, se espera dele que seja muito bom governador. E eu desejo realmente que ele seja um excelente governador. Por que o nosso Estado vai precisar de alguém com braço firme, mas, ao mesmo tempo, que saiba conversar com as pessoas por que o atual governo não sabe conversar e às vezes não quer. E o diálogo é sempre importante, principalmente com servidores públicos. Então essa conversa com os servidores públicos é algo que é muito esperado. Que o governador que entre se preocupe em entender o que está acontecendo com os servidores públicos por que nós estamos assim em péssimas condições de trabalho. Não tem nada a ver com a questão salarial. O nosso maior problema hoje é falta de estrutura para trabalhar. A visão que a gente tem é que parece quanto pior melhor. A gente não quer isso. Mas a gente precisa de uma estrutura para atender bem o cidadão. Então isso tá faltando. Assim, a minha avaliação é positiva nesse contexto de ter uma renovação considerável tanto na Assembleia quanto para deputado federal. Ainda vejo que a velha política continua em alguns e ficamos sem entender como ela consegue se manter dessa forma. Mas faz parte da democracia. Eu aceito o resultado das urnas e vamos lá.

CMT: Pensa em seguir na politica?

G.S.: Não pensei muito. Esse resultado dá um capital politico que a gente precisa pensar nisso. A gente vê a confiança das pessoas e isso é importante para poder tocar um projeto político. Mas não tem nada de concreto. Vou conversar com as pessoas. A gente acabou de fazer um grupo nesse período de campanha que eu acho que é um grupo que a gente vai conversar junto. Temos uma reunião marcada para avaliar campanha. Tudo o que aconteceu. Se terá ou não os próximos passos. Mas a gente tá aberto. Não te digo que não vou ser mais nem te digo vou ser candidata ou alguma coisa no futuro. Estou bem aberta a isso. Estamos avaliando os resultados. Eu sei que sou a primeira mais votada para federal em Cuiabá. Sou a segunda bem mais votada em Várzea Grande. Isso é muito positivo. A gente tem que pensar sim por que o projeto maior de todo brasileiro é acabar com a velha política. E seu eu contribuir com isso, eu quero de alguma forma.

CMT: E o que a senhora achava que vai dar no segundo turno para presidente? Haddad ou Bolsonaro?

G.S.: Não sei, não sei. Inclusive, no primeiro turno, não fizemos campanha para ninguém. A minha coligação em si apoia o Haddad. Mas algo também que aprendi nessa campanha é que não existe fidelidade partidária. Isso é uma questão ideológica que deveria existir e seria muito bom se existisse, mas não existe. Eu vi gente da nossa coligação apoiar o Bolsonaro também. Mas eu vejo que os dois candidatos tem virtudes sim. Acho que Bolsonaro chama as pessoas por apresentar esse novo. Por isso que as pessoas têm tanta esperança e desafiam o voto nele. E, por outro lado, não dá para deixar de reconhecer que o PT já fez pelo país. As coisas boas que fizeram de inclusão etc. Mas, para mim, o grande erro do PT é, mesmo Lula estando preso, querer lançá-lo como presidente. Se desde o início o PT tivesse lançado o Haddad, entendeu? Tudo bem talvez com menos possibilidade até de chegar ao segundo turno. Mas do ponto de vista da aceitação das pessoas isso poderia ser muito bem maior do que eram. Embora a gente fala isso no contexto geral, mas nós tivemos aí deputado com tornozeleira no Mato Grosso pedindo voto. Você tem indignação de boa parte da população que como coloca alguém preso. A gente teve candidatos nossos nessa condição e que tiveram muitos votos.

CMT: Um recado aos mato-grossenes? 

G.S.: Eu gostaria de agradecer mesmo a população de Mato Grosso. Em especial, de Cuiabá e Várzea Grande que praticamente doaram esses 50 mil votos. Muito gratificantes e, ao mesmo tempo, esperançosos. Como a gente encontrou pessoas que perguntaram "quanto que você vai pagar" e a gente se decepciona, por outro lado, esses que votaram, votaram por que acreditaram no projeto. Nem tudo está perdido. Tem solução. As pessoas querem sim essa mudança. E quando isso vier à gente tem que ter mais pessoas boas na política.

Redação

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