Política

Eleição de 2010 marcada por caixa dois

(Foto: Cátia Alves)

Durante uma rápida coletiva com a imprensa na sede da Policia Federal, em Cuiabá, o Delegado Cristiano Nascimento dos Santos, responsável pelas investigações da ‘Operação Nanos’, informou que candidatos a cargos estaduais e federais das eleições de 2010 estão envolvidos com crime de ‘caixa dois’, cometido dentro de pequenos partidos políticos, os chamados nanicos.

A operação deflagrada nesta manhã de quinta-feira (16) cumpriu sete mandados de busca na casa de empresários, contadores e pessoas que segundo a investigação, seriam reesposáveis por operar o caixa dois da campanha majoritária do ex-governador Silval Barbosa, em 2010.

Segundo o delegado, na delação premiada de César Roberto Zílio, o nome do empresário Wanderley Fachetti Torres, dono da empresa Trimec, foi citado como sendo a pessoa responsável por operar esse caixa dois. “A partir desse nome e de alguns levantamentos que fizemos nós entendemos que seriam cabíveis medidas de busca e pedimos a justiça”, explicou Cristiano, sobre as buscas realizadas na empresa e casa do empresário.

As delações feitas por Zílio, investigado na ‘Operação Sodoma’, reforçaram a notícia já levada a Policia Federal por ex-candidatos dos partidos nanicos. O delegado informou que os candidatos receberam valores sem recibo eleitoral, ou seja, sem prestação de contas eleitorais e disse que as doações em tese não teriam embasamento.

Porém, nenhum dos candidatos informou quem teria conseguido levantar o dinheiro e financiado o caixa para os candidatos dos partidos nanicos. “Eles afirmaram ter recebido valores e assinado um recibo simples do tipo de papelaria e não os recibos eleitorais. O valor aproximado, até o momento, é de meio milhão de reais para os candidatos”, contou Cristiano.

Mandados de condução não foram expedidos, mas pessoas devem ser ouvidas assim que os documentos e mídias apreendidas pela PF nesta quinta-feira forem analisados. “Não dá para afirmar de onde o dinheiro veio. Se o dinheiro veio de inexistentes serviços públicos que foram supostamente prestados, mas pagos. Se veio de propina recebida por agentes públicos. Nós ainda não temos essas informações com precisão”, informou, explicando que dará detalhamento preciso assim que possível.

O ex-governador Silval Barbosa já foi inquerido na investigação Nanos e negou a existência dessa situação. O delegado não descartou a possibilidade de Silval prestar novos depoimentos e afirmou a investigação irá prosseguir e novas fases devem acontecer. A pena máxima para quem comete crime de Caixa Dois é de no máximo cinco anos, não havendo pena mínima. 

Catia Alves

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