O despejo de esgoto sem tratamento no Rio Tietê, flagrado na última sexta-feira, 27, entre as pistas da Marginal Tietê, foi classificado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como um “efeito colateral horrível”, mas necessário diante da gravidade da situação no local da obra.
Segundo ele, a medida visava garantir a segurança dos técnicos que atuam no reparo de um interceptor (canalização que recebe e transporta o esgoto para as estações de tratamento) rompido, a 18 metros de profundidade, em um trecho instável da via.
“Foi uma manobra para garantir a segurança dos trabalhadores que precisavam acessar e fazer o reparo, senão poderíamos ter uma consequência dramática”, disse o governador neste sábado, 28, durante evento de entrega de moradias populares em Americana (SP). “É óbvio que é algo que precisa ser feito com a maior brevidade. É um efeito colateral horrível, mas que está se procurando resolver”, acrescentou.
As imagens do despejo, veiculadas pela TV Globo, mostram um líquido escuro e com odor forte sendo lançado na região do Córrego do Mandaqui, nas imediações da Avenida Engenheiro Caetano Álvares, no sentido da Rodovia Castelo Branco. O despejo foi interrompido na manhã deste sábado, segundo o governador.
Em nota, a Sabesp confirmou que a ação teve caráter emergencial e teve como objetivo esvaziar a tubulação danificada, permitindo o acesso dos técnicos à estrutura interna da rede de esgoto.
“Foi necessário realizar uma manobra emergencial para esvaziar a rede no trecho em obras da Marginal Tietê”, disse a companhia, acrescentando que a medida foi adotada para garantir a segurança dos trabalhadores em uma área com instabilidade geotécnica.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), por sua vez, informou ter sido comunicada pela Sabesp sobre as obras emergenciais. Após vistoria na sexta-feira, a Cetesb identificou o lançamento de esgoto no córrego e anunciou que notificará a empresa para que preste esclarecimentos, além de adotar as “medidas legais cabíveis”.
Área já havia passado por intervenções
A intervenção ocorreu em uma área que já havia passado por obras anteriores. Em abril deste ano, uma cratera se abriu na Marginal Tietê, a 400 metros antes da Ponte Atílio Fontana, bloqueando a saída para a Rodovia dos Bandeirantes.
O afundamento da pista foi atribuído inicialmente a um problema na tampa do poço de visita da rede de esgoto. Após os primeiros reparos, o solo voltou a ceder devido à sobrecarga nas redes provocada por chuvas intensas e à instabilidade do terreno, segundo a Sabesp.
Ainda segundo a reportagem da TV Globo exibida na sexta-feira, o interceptor, com mais de três metros de diâmetro, carrega o esgoto de bairros da zona norte, como Vila Maria, Santana, Mandaqui, Tremembé, Freguesia do Ó e Brasilândia, e o leva até a estação de tratamento em Barueri.
Com o colapso da estrutura, o fluxo foi interrompido. A solução adotada pela Sabesp foi bombear os dejetos sem nenhum tipo de tratamento até o Córrego Mandaqui, que deságua a poucos metros no Rio Tietê.