Em 1912, quando o médico e antropólogo Edgar Roquete-Pinto integrou a expedição de Cândido Mariano da Silva Rondon e adentrou as matas do Mato Grosso e do Amazonas, o principal objetivo foi o de interligar o país com linhas telegráficas. Chegou à Chapada dos Parecis, dos índios Paresí/Halíti e Nambiquara, e ficou estupefato diante do cenário e da vida de seus habitantes. Munido de enorme curiosidade sobre os povos indígenas, conseguiu reunir grande quantidade de material científico: anotações, desenhos e artefatos musicais.
Roquette-Pinto carregou um fonógrafo, seu principal instrumento de trabalho, que permitiu a gravação de canções Paresí e Nambiquara, em cilindros de cera. A coleta de material e as gravações feitas pelo entusiasta Roquette-Pinto alcançaram grande projeção entre músicos e intelectuais da época, com destaque para a canção “Nozani Na”, composta por índios da etnia Paresi. A cantiga é entoada em rituais e representa união, celebração e devoção aos ancestrais. Em tradução feita por Rondon constatam-se a simplicidade e delicadeza da composição: “vou dançar, vou vestir trajes novos, vou beber vinho e chicha e comer mingau de milho e de mandioca”.
O maestro Villa-Lobos, um dos músicos que teve contato com as gravações, foi responsável pela adaptação e apresentou ao mundo essa forma de arte. A música indígena, de maneira geral, lhe trouxe grande satisfação, forte sentimento nacionalista e desejo de compartilhar a cultura da ancestralidade brasileira. Mais tarde, Milton Nascimento e Marlui Miranda regravaram a canção.
Na condição de assistente social, a inserção de Educação Musical em projetos de Assistência Social deve-se fazer mais frequente, a fim de possibilitar aos integrantes dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) a estimulação de suas habilidades musicais e a colaboração com o desenvolvimento social do usuário. E a música indígena se dar mais a conhecer no espaço citadino.
Thays Oliveira Silva – Graduada em Serviço Social pelo Centro Universitário de Várzea Grande – Univag