Na correspondência, Niède Guidon reivindica uma audiência com a presidente Dilma Rousseff para explicar a situação atual do parque, Patrimônio Cultural da Humanidade tombado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1991, que qual reúne a maior concentração de pintura rupestres do Brasil e apresenta indícios de que por ali entrou o primeiro homem das Américas, por volta de 130 mil anos.
Depois de criado, em 1979, o parque esteve abandonado por 10 anos, embora constitua um dos mais importantes patrimônios da pré-história brasileira, com potencial turístico para o desenvolvimento da região. A falta de recursos federais culminou na quase devastação de sua fauna e flora, por meio da caça, desmatamento, exploração de calcário e depredação de sítios arqueológicos históricos.
Suplicy acentua que Niède Guidon – que enfrenta graves problemas aos 80 anos, 30 dos quais dedicados ao parque – promoveu a criação de um dos mais modernos museus de pesquisas arqueológicas da America Latina, culminando com a teoria de ocupação pelo homem das Américas.
A pesquisadora, disse Suplicy, teme que seu trabalho seja abandonado e destruído pela população local, que ainda não tem noção do real valor do Parque Nacional da Serra da Capivara. O parque não conta com orçamento fixo, e Niède Guidon muitas vezes gastou do próprio bolso para dar continuidade à manutenção do local. A prática foi abandonada diante dos custos crescentes enfrentados pela pesquisadora em razão dos seus problemas de saúde.
O Parque Nacional da Serra da Capivara ocupa as áreas dos municípios de São Raimundo Nonato (o maior centro urbano local), João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias, o mais próximo do parque. A superfície do parque é de 129.140 hectares e seu perímetro é de 214 quilômetros. A distância que separa o parque da capital Teresina é de 530 quilômetros.
Agência Senado