Em depoimento dado para sete promotores durante três dias nos meses de fevereiro e março deste ano, o ex-secretário de Fazenda, Casa Civil, Copa e Articulação Instucional, Éder Moraes, expôs que chegou a ter tanto poder no Palácio Paiaguás que ocupou por várias vezes até mesmo a cadeira do governador Silval Barbosa (PMDB). "Eu cheguei a a despachar na mesa do governador, na cadeira dele. Tenho fotos registradas, imagens, tudo. Ele (Silval) falava: Éder despacha aqui; eu vou viajar e você despacha aqui na minha cadeira", afirma em "delação" feita na sede do Ministério Público Estadual, em Cuiabá.
Apontado como homem forte de Silval Barbosa e também do atual senador e ex-governador por dois mandatos Blairo Maggi (PR), Éder Moraes detalhou que atendeu ministros sentado na cadeira número 1 do poder político de Mato Grosso. "Eu atendi ministro e atendia todo mundo", detalhou.
Em seguida, durante o depoimento obtido pelo FOLHAMAX com 446 páginas e que começa a ser divulgada gradativamente a partir de hoje, Éder Moraes afirma que mais a frente percebeu que estava sendo usado pelo governador Silval Barbosa para assumir responsabilidades principalmente para realização de manobras escusas com o dinheiro público. "Isso gerou um problema sério para mim. Eu não tomei consciência no momento e eu achei que estava todo bonitão. Só levei!", desabafou.
Segundo Éder Moraes, que ficou preso durante 81 dias na "Operação Ararath" em Cuaibá e Brasília, sua função na estrutura de Governo era dar uma "ar de legalidade para engenharias" com recursos públicos. "Politicamente era assim: eles (Silval e Maggi) me procuravam para extrair da minha cabeça as engenharias para resolver situações. No entanto, chega um determinado momento de acotovelamento lá em cima e aí começa a fechar a porta", disse em relação ao fato de ter perdido a função de operador do esquema, função que teria sido repassada a um atual secretário de destaque no palácio Paiaguás.
Para Éder Moraes , o novo homem-forte de Silval Barbosa se transformou seu desafeto por inveja buscou tanto é que queimá-lo publicamente. "O cara quer mostrar serviço ao governador. Enfim, foram me queimando dentro do Governo", salientou.
Apesar de ter sido gravado e acompanhado por advogados nos depoimentos dados aos promotores Clóvis de Almeida Júnior, Marco Aurélio de Castro, Roberto Aparecido Turim, Samuel Frungilio, Gilberto Gomes, Marcos Regenold Fernandes e Mauro Zaque de Jesus, Éder tenta anular as declarações bombásticas. Ele também ameaçou ingressar com medidas judiciais para impedir a imprensa de divulgar trechos dos depoimentos.
Gilson Nasser – FolhaMax