O deputado federal pelo Rio de Janeiro, Romário – o herói do tetracampeonato mundial de futebol – teve toda a razão quando esclareceu porque Cuiabá foi escolhida para ser uma das subsedes do evento: segundo o artilheiro, funcionou o jabá com precisão cirúrgica.
A FIFA, o governo federal, o estadual e o municipal, além de Deus e o mundo todo, sabiam que a nossa judiada cidade teria que ser arduamente preparada para uma festa de tamanha envergadura.
Os espertalhões daqui, de olho na promessa do governo federal em inundar Cuiabá de dinheiro para obras nunca dantes realizadas, vibraram com a notícia da Suíça.
O tempo foi passando e o governo mudou de proprietário. Projetos não saíram das pranchetas, e a história do auxílio do governo federal para as necessárias obras de modernização de Cuiabá, virou um conto de fadas.
Apertado pelas visitas da FIFA, o governo do Estado, com o Caixa do Tesouro vazio e sem poder de endividamento, foi conseguindo, Deus sabe como, autorizações da Assembleia Legislativa para tomar dinheiro emprestado em bancos. Tudo supervisionado pela União.
A contrapartida de recursos federais ficou restrita às migalhas para aumentar o puxadinho do Aeroporto e à promessa de um auxílio para implantação de um novo modal (VLT) no lugar do aprovado BRT (mais barato).
O caderno de obrigações com a multinacional FIFA não está com o seu cronograma de obrigações sendo executado e o governo do Estado já mudou até a estrutura organizacional do órgão responsável pelas obras da Copa.
De Agência, passou a ser Secretaria da Copa. Trocou seis por meia dúzia.
Agora, a grande descoberta da FIFA: Cuiabá não possui leitos hospitalares, nem de hotéis, para acomodar os turistas esperados.
O embelezamento da cidade está precário, e a desculpa oficial é que os cuiabanos não estão acostumados com uma cidade bela, e essa maquiagem será realizada no último prazo para não ser destruída por esses selvagens habitantes deste “Paraíso no Centro da América”.
Ninguém comenta sobre o crime cometido recentemente de ”incentivos” ao fechamento de hospitais privados, roubando 1.000 leitos da nossa cidade, e a entrega da administração da nossa saúde pública às Organizações Sociais.
Hoje há falta de leitos em Cuiabá, imagine num evento onde são esperadas 70 mil pessoas!
A situação de leitos na rede hoteleira é deplorável. O governo estuda a possibilidade de oferecer uma hospedagem – cama e café.
O turista ficaria alojado em uma casa de família, com direito a dormir e tomar o café da manhã.
Durante o dia esse infeliz não teria o que fazer por falta de opções, além da dificuldade de se alimentar.
Ainda há gente que acredita que esse mega evento internacional foi planejado.
Será que até a Copa, o nosso Centro Histórico poderá ser mostrado como escombros de uma civilização que nunca se importou com o seu passado ou, até lá, o que é mais provável, teremos um amontoado de destroços do início da nossa cidade de menos de trezentos anos?
Romário é irreverente, mas está coberto de razão com relação à escolha da nossa cidade.
Irresponsabilidade e olho grande!
Deu no que deu.
Gabriel Novis Neves