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‘É algo muito maior’, diz pai que não foi ao jogo do Brasil para ver filho nascer

 
Felipe Pinheiro Andrade, produtor musical de trilhas sonoras e pai de primeira viagem do recém-nascido, já tinha em mãos seu ingresso para assistir ao jogo no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, mas trocou a oportunidade no mesmo instante. "Mesmo sendo apaixonado por futebol, não se compara com nada a alegria de assistir a um parto, de ver sua esposa no trabalho, ver o menino chegar, dar o primeiro banho… O jogo vira nada, vira uma coisa mínima", afirmou ele.
 
Matteo nasceu de parto normal. Para isso, o casal contou com um trabalho em equipe entre a obstetra e uma parteira, que também participou do parto. Matteo, então, veio ao mundo quando quis: em 8 de julho de 2014, data que ficará marcada na história do futebol brasileiro pelos 7 a 1 para a Alemanha, a pior derrota da história da Seleção. "Esse menino vai ter que crescer sabendo que no dia em que nasceu, 200 milhões de brasileiros sofreram a maior tragédia do futebol nacional", reconheceu Felipe. Mas o pai diz que a história que contará ao pequeno será uma repleta de felicidade, já que o pequeno salvou seu dia. "O meu dia estava muito garantido. Meu filho nasceu e pelo menos a gente foi muito feliz nesse dia. A vinda dele é algo muito maior do que futebol, do que uma seleção."
 
Esse foi o segundo jogo da Copa de que o são-paulino Felipe abriu mão para curtir a gravidez ao lado da esposa, a psicóloga e terapeuta corporal Mariana Machado Camarote. Ele comprou ingressos para a partida pelas oitavas-de-final contra o Chile quando a gravidez ainda estava no início, mas acabou acompanhando o jogo ao lado da mulher pela televisão. "Não estava imaginando que ia ser a Copa nove meses depois", explicou. Naquele dia, a gravidez já tinha passado das 38 semanas e entrava na reta final.
 
Para a semifinal, o produtor combinava uma viagem a Belo Horizonte com um amigo. "Estava combinando de ir, mas nessa altura do campeonato não achei que valia a pena, pensei: 'se tiver contração, eu desisto'. Ele [o amigo] levou uma pessoa no meu lugar."
 
A data mais provável do parto era esperada para o fim de junho, mas o casal preferiu não agendar uma cirurgia para o nascimento e deixar a natureza seguir seu curso. "Desde o começo era um desejo nosso não fazer cesária, ter um parto com o mínimo de intervenção possível. A gente não quis ser radical de fazer em casa, mas dentro da maternidade fazer uma coisa com um mínimo de intervenção possível", explicou.
 
O jogo do Brasil contra a Alemanha começou logo depois do fim do parto, quando Matteo foi levado ao berçário e o novo pai desceu até o carro para buscar as malas. "Vi o primeiro gol na recepção, quando entrei no quarto foram três gols em sete minutos", lembrou ele.
 
Por causa dos dois dias desgastantes que tiveram, com exercícios corporais, exames e consulta médica na véspera, e o trabalho de parto que começou por volta das 22h de segunda (7), o casal decidiu desligar a televisão e Felipe só acompanhou o resto da partida de longe, pelo celular. "Já vi que a coisa ia para o brejo, quando estava 4 a 0 com 20 e poucos minutos de jogo."
 
A goleada o surpreendeu, mas derrota para a Alemanha já era mais ou menos esperada. "Não era um time bom, a Alemanha tem muito mais time. Se ganhasse ia ser na base do 1 a 0, na sorte. Mas estava apostando que podia ganhar, queria muito final entre Brasil e Argentina", disse.
Para o pai de Matteo, uma vitória nessa terça-feira, e a conquista do hexacampeonato, seria "perfeição demais" para essa Copa no Brasil. "Estava tudo bem, estava dando tudo super certo. A Copa veio, o povo adorou, os estrangeiros vieram, gastaram, curtiram jogos bonitos, os aeroportos funcionaram. O que não funcionou foi hoje, foi um desastre."
 
G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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