Ao menos 41 pessoas morreram em um duplo atentado suicida no sul de Beirute, no Líbano, nesta quinta-feira (12). O número de vítimas foi confirmado pela Cruz Vermelha libanesa. O órgão disse ainda que pelo menos 181 pessoas ficaram feridas. O Estado Islâmico assumiu a autoria dos ataques.
A polícia diz que dois homens a pé acionaram seus explosivos em frente a um centro comercial no bairro de Burj al-Barajneh, um dos maiores campos de refugiados palestinos no país, localizado em um reduto do grupo xiita Hezbollah. Muitos dos refugiados sírios que fugiram para o Líbano vivem neste campo. Mas, segundo a nota do Estado Islâmico, a primeira explosão foi causada por uma bomba colocada em uma motocicleta. Em seguida, segundo o grupo radical, um homem-bomba teria detonado seus explosivos.
"Os soldados do califado conseguiram colocar uma motocicleta com explosivos na rua Huseiniyah, em Burch Barachne, onde é a sede do Hezbollah", assinala o comunicado. "Não nos acalmaremos até que nos vinguemos", acrescenta o comunicado da organização terrorista.
O Exército disse que o corpo de um terceiro terrorista teria sido encontrado no local e que aparentemente ele teria falhado em detonar seus explosivos. Um fotógrafo da AFP viu corpos ensanguentados em lojas destruídas e poças de sangue em meio a vários carros em chamas.
Hospitais da região pediram a população para doar sangue. Emissoras de televisão exibiram imagens de pessoas feridas sendo levadas por serviços de emergência e por civis. Militares montaram postos de controle em todas as entradas do campo, e a própria força de segurança do Hezbollah estava em alerta máximo.
"Eu tinha acabado de chegar à região das lojas quando aconteceu a explosão. Levei quatro cadáveres com as minhas próprias mãos, três mulheres e um homem, um amigo meu", disse Zein al-Abideen Khaddam a uma emissora local.
O conflito na Síria, país que faz fronteira com o Líbano, piorou as condições de segurança e as tensões sectárias em solo libanês. O Hezbollah, grupo de grande poder político no país, é visto por Israel e EUA como uma organização terrorista, conta com o suporte do Irã e apoia o presidente sírio, Bashar al-Assad, que tenta reprimir as forças opositoras e os militantes do Estado Islâmico em território sírio.
Trata-se do primeiro atentado nesta região do sul de Beirute desde junho de 2014. Na ocasião, um agente da segurança foi morto, ao evitar um ataque com carro-bomba. Vários outros ataques atingiram as fortalezas do Hezbollah em todo o Líbano, entre julho de 2013 e fevereiro de 2014, reivindicados por grupos extremistas sunitas.
O premiê libanês, Tamam Salam, decretou a sexta-feira dia de luto nacional após o atentado.
Há menos de um mês, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, voltou a defender o engajamento na Síria, que qualificou de "batalha essencial e decisiva". "Sem a perseverança no terreno contra o Daesh (acrônimo em árabe do EI) e seus aliados, o que seria hoje da região do Iraque, da Síria e do Líbano", declarou.
O líder do movimento xiita admitiu que o combate na Síria "pode ser longo", mas reforçou que é necessário para "proteger" a região.
Fonte: iG