Alexandre Aprá – Especial para o Circuito Mato Grosso
O cenário já não é mais o mesmo para quem trafega pela BR-163, considerada eixo de integração nacional, responsável por grande parte do escoamento de produtos agrícolas das regiões Centro-Oeste e Norte até as regiões Sudeste e Sul. Desde julho, a Rota Oeste, empresa da Odebrecht Transport, assumiu a concessão de parte da rodovia.
Trechos com altos índices de acidentes, entre Cuiabá e Rondonópolis, por exemplo, viraram verdadeiros canteirões de obras, com equipes em diferentes pontos da rodovia, desde julho passado, quando as máquinas começaram a trabalhar. Apesar dos transtornos, os motoristas não reclamam porque sabem da luta histórica para trazer a duplicação até a 163.
O presidente da Associação dos Transportadores de Carga de Mato Grosso (ATC-MT), Miguel Mendes, destacou que os benefícios gerados pela concessão vão reduzir os custos de produção no Estado. “A concessão da BR-163 é, para nós, motivo de esperança. Os custos com o transporte da produção são muito elevados devido às más condições de trafegabilidade da rodovia. Perdemos tempo e dinheiro com os prejuízos causados pela estrada”, afirmou.
A Rota Oeste venceu a licitação para concessão da rodovia e terá o direito de explorá-la pelo período de 30 anos. Segundo a empresa, serão investidos, nesse período, mais de R$ 5,5 bilhões, sendo R$ 2,8 bilhões nos primeiros cinco anos.
Mais de 3 mil homens trabalham em 850 quilômetros de extensão. De todo o trecho duplicado, a Odebrecht é responsável pelas obras de apenas 454 quilômetros. O restante é administrado pelo próprio Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit).
Para explorar a rodovia, a Rota Oeste vai instalar nove praças de pedágio, que começam em Sinop e terminam na cidade de Itiquira, extremo sul do Estado e fronteira com Mato Grosso do Sul. A cada 100 quilômetros, a concessionária vai cobrar o valor de R$ 2,63, conforme regulamentado por contrato.
Mas a cobrança só deve começar a funcionar após o término da primeira fase das obras, que consiste em recuperação dos trechos existentes, além da duplicação de 45 quilômetros. Outra condição para o começo da cobrança é a total entrega de 18 unidades do SAU, o Serviço de Atendimento ao Usuário.
Para isso a empresa já colocou em operação na rodovia, em setembro passado, 18 ambulâncias, sendo cinco equipadas com Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 18 guinchos leves, oito guinchos pesados, 18 veículos de inspeção de tráfego, cinco caminhões-pipa e outros cinco só para apreensão de animais.
Outro importante aspecto da obra é que ela deve trazer melhorias para os trechos urbanos das rodovias. Em Cuiabá e Rondonópolis, serão construídos novos trechos da estrada no entorno da região urbana. Tudo para evitar o trânsito de veículos pesados e de carros de viagem dentro das cidades, o que deverá melhorar a qualidade do trânsito nos dois municípios. Sete bases da Polícia Rodoviária Federal (PRF) também serão entregues pela concessionária.
Além da qualidade da pista, fator determinante para manutenção do contrato de estradas concedidas a empresas privadas, a segurança dos motoristas vai além da assistência médica e de mecânica. Vão entrar em operação até o fim das obras 500 câmeras que farão o monitoramento total da rodovia. A cada dois quilômetros uma câmera enviará diretamente para a central de operação e controle da Rota Oeste. Tudo para agilizar o socorro, além do registro de eventuais acidentes. Painéis com mensagens eletrônicas também serão espalhados pelo percurso.