O sítio frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na zona rural em Atibaia (SP), foi furtado na tarde nesta quinta-feira (7). A propriedade do imóvel é investigada na Operação Lava Jato e o local foi alvo de varredura da Polícia Federal na 24ª fase da investigação, em março.
O crime foi por volta das 16h. Dois suspeitos, de 43 e 33 anos, foram presos e outras duas pessoas conseguiram fugir. Segundo o delegado Elton Costa, os criminosos teriam invadido o local cortando uma cerca nos fundos da propriedade. Depois, quebraram um vidro para ter acesso à residência.
"Quando chegamos ao sítio, tivemos a informação de que eles (suspeitos) poderiam ter fugido pela mata. Fizemos as buscas com a Polícia Militar e encontramos dois rapazes com os objetos. Eles estavam escondendo os objetos", disse o delegado.
Entre os itens recuperados pela polícia, está uma caixa de charutos com uma placa de homenagem aos 30 anos da morte de Ernesto Che Guevara. Há uma inscrição dizendo que a caixa é a unidade número 65 de 200. Também estavam entre os itens cremes com o nome da ex-primeira dama Marisa Letícia Lula da Silva. Também foram recuperadas uma televisão e um aparelho de DVD.
Após o depoimento dos suspeitos, a Polícia Civil rejeitou a hipótese de um crime ligado à política. "Não há nenhuma ligação. São pessoas humildes. Viram o sítio vazio e viram a oportunidade", afirmou o delegado.
Os dois suspeitos presos foram levados para a cadeia de Piracaia. Eles irão responder por furto qualificado. A polícia ainda tenta identificar os outros dois envolvidos no crime.
Sítio
O Ministério Público Federal (MPF) apura se Lula omitiu às autoridades ser o dono do sítio frequentado por ele e familiares no interior de São Paulo. Se confirmada a suspeita, configuraria crime de ocultação de patrimônio.
A suspeita é que obras feitas no sítio tenham sido bancadas pelo empresário José Carlos Bumlai e pelas empreiteiras OAS e Odebrecht. A construtora e o pecuarista amigo de Lula são investigados pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. O ex-presidente nega ser dono do local.
De acordo com a Procuradoria, as apurações indicam que Lula adquiriu em 2010 dois sítios contíguos em Atibaia pelo valor de R$ 1,5 milhão. Os imóveis foram adquiridos na mesma data, em 29 de outubro de 2010, e foram colocados em nome de Jonas Suassuna e de Fernando Bittar.
Tanto Jonas como Fernando são sócios de Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente, e foram representados na compra por Roberto Teixeira, "notoriamente vinculado a Lula e responsável por minutar as escrituras e recolher as assinaturas".
Bumlai e a Odebrecht se encarregaram da reforma, diz o MPF. A OAS adquiriu móveis no valor de aproximadamente R$ 170 mil para a cozinha.
Minuta
No último dia 4 de março, durante a 24ª fase da Operação Lava Jato, a polícia apreendeu no apartamento do ex-presidente, em São Bernardo do Campo (SP), uma minuta de contrato de compra do sítio em Atibaia.
O documento não tem assinatura e é datado de julho de 2012, sem o dia exato do mês. Ele indica um compromisso de venda do sítio em nome de Fernando Bittar e sua mulher, Lilian, para Lula e sua mulher, Marisa Letícia. O valor previsto da venda é de R$ 800 mil.
O advogado de Fernando Bittar, Alberto Toron, não comentou o furto à propriedade que está no nome de seu cliente. Já Ary Bergher, defensor de Jonas Suassuna, afirma que seu cliente é proprietário de um sítio vizinho, e não a propriedade frequentada pelo ex-presidente Lula.
Fonte: G1