Jurídico

Dodge pede ao STF para colher depoimento de Temer em inquérito sobre portos

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao Supremo Tribunal Federal para colher o depoimento do presidente da República, Michel Temer, no inquérito que apura suspeitas de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na edição do Decreto dos Portos 9.048/17, que regulamentou a Lei 12.815/2013. Cabe ao relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso, aprovar a oitiva do chefe do Executivo.

Dodge pediu ainda para ouvir outras oito pessoas, como o ex-assessor especial do presidente Rodrigo Rocha Loures e o executivo da JBS Ricardo Saud. Ao todo, a PGR fez sete pedidos ao Supremo. Entre as solicitações estão o prazo de 60 dias para a finalização do inquérito; os registros de doações eleitorais feitas pela Rodrimar S.A a Temer ou ao PMDB nas duas últimas eleições; e o registro de entrada no Palácio do Planalto em 2017 das pessoas citadas no inquérito.

No pedido de abertura de inquérito feito em setembro por Rodrigo Janot, o então PGR sustenta que há indícios de que o decreto que regula a exploração de portos foi editado mediante pagamento da empresa Rodrimar. A Procuradoria suspeita que João Baptista Lima Filho, conhecido como Coronel Lima, teria intermediado recebimentos de propinas supostamente pagas a Temer por meio da empresa Argeplan Arquitetura e Engenharia, da qual é proprietário. A Procuradoria também requereu o depoimento de Lima. 

A suspeita, segundo a Procuradoria, nasceu das investigações envolvendo Rocha Loures, auxiliar próximo de Temer. Em uma conversa com Gustavo Rocha, subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil, na qual discutiam mudanças na lei, o ex-parlamentar afirma: “Realmente é uma exposição muito grande para o presidente se a gente colocar isso… Já conseguiram coisas demais nesse decreto”.

Na decisão de abrir o inquérito, Barroso afirmou que "há razoabilidade" no fato de a PGR considerar haver elementos suficientes para iniciar as investigações.

Por meio de nota, Temer afirmou que responderá a todos os questionamentos pertinentes ao inquérito: "Vale destacar que houve amplo debate com o setor antes da publicação do decreto de renovação das concessões de portos. Todos os dados são públicos. O assunto não comportava nenhum sigilo ou informação privilegiada, apenas a publicação do decreto que finaliza o longo processo de negociação entre o governo e o setor empresarial, como é comum e legítimo em uma democracia. E só foram atendidos os pleitos das empresas licitadas depois de 1993. Tudo antes disso, que era uma reivindicação de várias empresas, foi rejeitado".

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.