O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Geraldo Riva (sem partido), foi alvo de mais uma fase da Operação Ararath desencadeada pela Polícia Federal. Em entrevista, ele confirmou a informação e disse que apenas documentos que estavam em seu escritório foram levados pelos policiais.
De acordo com o ex-deputado, as buscas e apreensões são resultados de um depoimento dado por Alvimar Araújo Costa, no processo da Ararath. Antigo doador de campanha de José Riva, Alvimar já foi preso com uma mala de dinheiro e cheques da Assembleia Legislativa endereçados à Eldorado Construções, envolvida nas obras do Veículo Leve sobre Trilhos, VLT.
“Uma situação nova em função de um depoente, e eu não tenho condições de avançar muito, porque ela corre em segredo de justiça e você sempre fica com medo de falar uma coisa que não pode falar”, disse à imprensa durante uma coletiva na Assembleia Legislativa. José Riva participa de uma audiência da CPI das Cartas Marcadas.
O ex-deputado disse ainda que a nova fase da Operação não tem ligação com a suposta delação do ex-governador Silva Barbosa (sem partido). “Creio que não tenha ligação. Creio que é em relação a outro depoente que citou uma situação que eu não tenho domínio dela. E encaro toda a ação com naturalidade”.
Riva reforçou que tem colaborado com a Justiça desde que começou as confissões para “contribuir com a Justiça e atenuar sua pena” em relação aos processos que correm contra ele. Questionado sobre uma possível colaboração premiada, o ex-deputado disse que se vier a ocorrer será “sem trauma e sem colocar a culpa no ombro de quem não deve”.
Mala de dinheiro e cheques da AL
O depoente a quem Riva se refere é Alvimar Araújo Costa, que foi doador da campanha de 2010 do ex-deputado. A época, a PRF prendeu o homem com cerca de R$ 1 milhão, sendo que parte desse montante estava dividido em três cheques emitidos pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso (Al-MT), assinados por Riva, Silval Barbosa e pelo ex-deputado estadual Tegivan Moraes.
Segundo informações da PRF, o dinheiro estava escondido em uma mochila no porta-malas do carro. Já os cheques, todos endereçados a empresa “Eldorado Construções Obras de Terraplanagem LTDA” (uma das empresas responsáveis pelo VLT), estavam escondidos no console central do carro.
Para PRF, Alvimar afirmou que os valores seriam provenientes da venda de gado e seriam utilizados na compra de um apartamento em Belo Horizonte. Quanto aos cheques, ele afirmou tê-los encontrados no chão, em uma rua de Cuiabá.
O ex-deputado confirmou na época que conhecia Alvimar, mas que desconhecia as razões para o homem estar com cheques antigos da Assembleia. Além disso, teria dito em uma nota enviada a imprensa que Alvimar nunca prestou serviços à AL.
Operação
A operação Ararath iniciou em novembro de 2013 e apura um esquema de lavagem de dinheiro e crimes financeiros em Mato Grosso. O esquema, segundo delação premiada do empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, conhecido como “Júnior Mendonça” e dono de uma rede de postos de combustíveis, iniciou-se na gestão Blairo Maggi (2003-2010), hoje Ministro da Agricultura, e foi até a gestão do ex-governador Silval Barbosa (2010-2014), que chegou a ficar preso por quase dois anos.
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