Dentro de uma moldura que vem quase sambando, quase cantando chega a Revista Pixé a última criação de Eduardo Mahon. O cuidado gráfico, a leveza encantada pela arte de Regina Pena e os traços fulgurantes da festa dos escritores alertam que nesse espaço estão gravados textos e alma de nossos autores.
É interessante lembrar Jorge L. Borges “Que trama és esta del será, del és y del fue?
Isso para dizer que tudo neste projeto Pixé aponta para a notação do tempo que em certa medida passa a ser transgredida pela linguagem, conforme os signos nascem e morrem. Uma festa num verso de autor ou uma obscura letra apontando para a morte.
Pixé inverte a visão linear pois os poetas e prosadores escreventes inscritos nas páginas trocam o preconceito do olhar linear de presente, passado e futuro para o lance mais contemporâneo do futuro-presente –passado.
É assim que entendo a fatura como um desmonte dessa travessia arrevesada que em certa medida contradiz quase todas revistas literárias.
E isso já vem de pronto assentado no editorial. Pareço ouvir via o ímpeto de Mahon que a linguagem é um buril violento ou um ser violado que fere as paixões, as ânsias e desejos do leitor. Tanto assim é que também é no editorial que o leitor aparece como pedra angular da linguagem.! “…ouvir o ronco da barriga do leitor…”
A revista traça, pois, uma dimensão radical. Coloca a mostra o caráter arbitrário da linguagem amortecida, porém nunca amordaçada habilitando a rasgar, a descosturar a mesmice. Planos em prosa, decolagens poéticas vis -a- vis com as marcas que caracterizam a contemporaneidade
As evidentes características que apanham as pré-figurações da linguagem sinalizando escritas de libertação por um lado e por outro ícone biográfico.
Por fim aqui na Pixé a linguagem surge como negação de genealogia. Ela não tem pai nem mãe e sua origem é de pronto proporcionar um inaudito cultivo de sistemas que dialogam.