Cidades

Dispositivo criado por pesquisadora do RS pode ser testado pela Nasa

 
Nos laboratórios do centro, os cientistas já criaram aparelhos como um braço controlado à distância, que permite gravar e transmitir cirurgias sem atrapalhar os médicos. Ou o protótipo chamado câmara de pressão positiva, que reduz a sensação que a pessoa tem próprio peso e que pode ser usado para o treinamento de astronautas e tratamento de doenças.
 
A ideia dos pesquisadores para o coletor era criar um aparelho leve, prático e descartável que permitisse acompanhar a saúde dos astronautas sem contaminar a nave espacial. A pesquisa resultou em um aparelho que é posicionado na orelha do paciente e é acionado com um simples giro na estrutura.
 
O bisturi sai, faz um pequeno corte de dois a três milímetros, retrai, gira novamente e daí se alinha o sistema de coleta de sangue com o corte, explica a pesquisadora.A gente retira, veda, e aí ele vai ser colocado dentro de uma máquina de análise. Então, a análise do sangue já inicia aqui, acrescenta o engenheiro eletricista Ricardo Cardoso, coordenador de pesquisa do MicroG.Os cientistas do MicroG já testaram o aparelho em um voo da Agência Espacial Europeia (ESA) em gravidade próxima de zero.Hoje isso não é feito no espaço. E eu acho que o coletor acabaria preenchendo essa lacuna da avaliação dos astronautas nas missões espaciais, defende Thais Russomano.
 
O voo fez exatamente isso. Ele mostrou que a gente poderia fazer essa coleta, até funcionou melhor no voo do que em terra. E com isso a gente pode validar e dizer que a técnica de coletar o sangue do lóbulo da orelha é funcional tanto na Terra quanto no espaço, completa Ricardo.De acordo com os pesquisadores, são muitas as vantagens em comparação com as técnicas usadas nos laboratórios terrestres. Com o coletor é possível fazer mais de uma dezena de exames no local onde o paciente se encontra. No caso de uma crise de asma, por exemplo, em cinco minutos ele revela resultados que vão definir o tratamento.
 
Quando o paciente tem problemas cardíacos e pulmonares, os médicos precisam saber os níveis de oxigênio e gás carbônico no sangue. Para isso, é coletado sangue das artérias, procedimento mais difícil e doloroso que os exames comuns.Então existe uma dificuldade na realização da técnica, existe para o paciente o desconforto da dor e ainda a possibilidade da formação de hematomas e uma chance maior de uma infecção ser mais grave do que se tiver uma infecção superficial do lóbulo da orelha, compara a médica. 
 
O legal do coletor é que ele é uma prova viva de que uma tecnologia que foi totalmente pensada para espaço, a ideia surgiu de uma demanda espacial, que tem uma aplicação muito maior em terra, diz Ricardo.Por sua importância como evolução da tecnologia, o coletor foi incluído na exposição permanente do Museu de Ciências de Londres, na Inglaterra. O MicroG está procurando empresas interessadas em industrializar o equipamento para uso médico na terra.
 
Já a possibilidade de o equipamento ser incluído na bagagem dos astronautas da estação internacional agora depende apenas de uma decisão da Nasa.Talvez até o final do ano se tenha alguma perspectiva, conclui a pesquisadora.
 
G1

Redação

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