Em Mato Grosso o custo de produção da soja passou de R$ 7 mil e no milho de R$ 4 mil por hectare, com isso a rentabilidade já começa comprometida em função do aumento generalizado dos custos. Outro fator de preocupação para os produtores é a maior incidência da cigarrinha para a segunda safra do grão.
Desde o início do preparo para o ciclo 2022/23 analistas e consultores de mercado têm reiterado os alertas aos produtores brasileiros quanto às previsões de que essa seja a safra mais cara da história.
“O mercado cambial no Brasil tem estado muito volátil, bem como o da soja na Bolsa de Chicago e o quadro sinaliza, portanto, margens de renda muito menores nesta nova temporada. Essa disparada dos custos e o forte recuo da margem financeira traz muita preocupação para o produtor", afirma a advogada Thais Vieira, especializada em Direito Empresarial com foco em recuperação judicial e falência de produtor rural, bem como na tributação do agronegócio.
Alguns analistas de mercado já preveem um retorno financeiro 50% menor da soja que está sendo plantada agora em relação à safra anterior, considerando uma base em Sorriso, região Norte de Mato Grosso. "Diante desse cenário, os produtores devem estar atentos aos riscos do mercado e ao gerenciamento do risco de preço diante de tantas variáveis”, explica a advogada.
No caso do milho, apesar dos custos elevados em Mato Grosso ainda há expectativas de pontos positivos como a demanda, uma vez que o consumo, através das indústrias de etanol, vem crescendo gradualmente no estado. “Essa relação produtor e mercado/indústria também deve ser feita com a cautela de análise de contratos”, pontuou Thais.
Além da alta dos custos de produção da soja e milho em Mato Grosso, levantamentos realizados semanalmente pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com o apoio das federações estaduais de agricultura, sindicatos de produtores rurais e universidades revelam aumento também na pecuária de corte.
Os encontros foram com produtores de Barra do Garças e o painel levantou dados sobre uma propriedade modal de recria e terminação de bovinos, com área total de 1 mil hectares, sendo 700 hectares com pastagem e terminação de 343 cabeças por ano. Nesse sistema, a aquisição dos animais representou 70,07% do COE, e a suplementação mineral, 9,88%.
“É preciso uma boa orientação e acompanhamento jurídico para evitar situações extremas e até mesmo o risco de uma falência diante desse cenário de instabilidade. De todo modo, há várias saídas para esses produtores rurais e, em último caso, até mesmo uma recuperação extrajudicial ou judicial poderá ajudar esses produtores rurais”, finalizou a advogada