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Diretora diz que não vai ‘recuar’ após alunos destruírem escola

Um ataque selvagem, dentro de uma escola pública em Goiás, causou espanto, esta semana. Os alunos quebraram tudo, em um acesso de fúria contra a diretora. O Fantástico esteve na escola destruída e conversou com a diretora, para entender o motivo de tanta revolta.
“Quebra, quebra, quebra”, gritam alguns alunos em um vídeo.

A quebradeira foi em uma escola municipal no interior de Goiás. Adolescentes do sexto ao nono ano do ensino fundamental dão pontapés nas portas. Quebram uma delas, arremessam cadeiras, mesas.

As cenas chocantes aconteceram no Centro de Atenção Integral à Criança Tancredo de Almeida Neves. O colégio atende moradores da periferia de Valparaíso de Goiás, cidade próxima ao Distrito Federal.
No vídeo, os alunos pedem a saída da diretora. E quem é a diretora que provocou tamanha revolta?
Fantástico: A senhora se considera uma linha dura?
Maria do Socorro: Não!

Maria do Socorro recebeu o Fantástico na escola depredada, e contou como tudo começou.
“Começou com duas meninas, com guerra de comida no refeitório”, conta a diretora Maria do Socorro Silva.

A confusão começou bem na hora do recreio. Os 400 alunos que estudam no período da tarde, bloquearam o acesso a uma escada, e aí, os professores, a diretora e os funcionários ficaram impedidos de subir para ver o que que estava acontecendo e foi justamente nesse momento que os estudantes tomaram conta do corredor.

O tumulto foi controlado com a chegada da polícia e alguns alunos tiveram ferimentos leves. Mas os ataques não pararam por aí. Quatro dias depois, os alunos vieram para o colégio e estouraram uma bomba caseira dentro do banheiro masculino. A diretora ficou apavorada com o barulhão em chamou a polícia. Quando os policiais militares chegaram, eles revistaram as mochilas dos estudantes e encontraram produtos que seriam usados para colocar fogo em uma parte da escola.

Três estudantes foram encaminhados para a delegacia e liberados. E uma investigação foi aberta. No colégio estudam 1,2 mil alunos, mas a diretora afirma que um grupo pequeno, de 20 adolescentes, é que está por trás dos episódios de violência. As mães que diariamente temem pela segurança dos filhos, estão com ainda mais medo.
“Ninguém tem mais coragem de ficar lá, de tomar as rédeas ou de enfrentar eles, até mesmo os guardas que ficam lá fora. Eles não têm coragem de enfrentar eles porque eles só têm um cassetete e os alunos que vão, vão armados”, afirma a mãe de um aluno que não quis ser identificada.
Um dos meninos que gravaram as cenas de vandalismo tem 16 anos e veio transferido de outra escola depois de ter ameaçado um colega de morte. Ele não só gravou o vídeo como incentivou a baderna.

“Quebra-quebra! Quebra-quebra. Vamos quebrar os vidros?”, diz o aluno no vídeo.
O Fantástico entrevistou um adolescente que faz parte da turma responsável pelo quebra-quebra.
Fantástico: Você chegou a participar da confusão?
Aluno: Não, quebrar não.
Fantástico: Por que resolveram quebrar?
Aluno: Porque queria sair mais cedo.

Os prejuízos ainda não foram calculados. A secretaria de Educação de Valparaíso disse que as brigas entre alunos acontecem fora da escola, e que esta foi a primeira vez que fatos tão graves foram registrados dentro do prédio. “A educação não é ato de punição. Nós vamos responsabilizar sim. Vamos chamar os pais, os responsáveis, os alunos e vamos buscar ações pontuais para resolver essa situação”, afirma a secretária municipal de Educação, Ana Cláudia Malta.

Este é a segunda vez que Maria do Socorro assume a direção da escola. Ela voltou com a missão de impor disciplina. “Primeiro é respeito aos professores, segundo seguir os horários da escola, horário de entrada, horário de saída, terceiro: civilidade”, diz a diretora.
Fantástico: Te entristece o que fizeram esses 20 alunos quebrando a escola? 
Maria do Socorro: Me entristece, professor nenhum, gestor nenhum fica feliz com uma situação dessa. Mas eu vou permanecer na minha linha de conduta, de pensamento. 

Fantástico: A senhora não muda um centímetro do que pensa?
Maria do Socorro: Não, e nem recuo, e nem recuo, essa foi a porta que eles quebraram e nem recuo. Aí eu pergunto: aconteceu esse fato aqui, é lamentável, é triste, é, mas quantas escolas não estão passando pela mesma situação ou já passaram.

Fonte: G1

Redação

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