Opinião

Direita – Centro – Esquerda.

Desde que o Lula se lançou na política, intensificou-se a menção aos espectros
políticos de direita e esquerda no Brasil. Quando explodiu a militância do
Bolsonaro em 2018, aumentaram as citações e criaram o confronto explícito.


Mas, muitas pessoas ainda se confundem ao ouvir termos como direita,
esquerda ou centro. Entendê-los de forma simples é importante para que cada
cidadão saiba se, na média, seus valores se aproximam mais a uma ou outra
corrente.


Na política, a direita é geralmente associada ao conservadorismo – viés que
agrupa aquelas pessoas que defendem as tradições, a autoridade e a
segurança. Essas, normalmente, pregam que o Estado deve se afastar da
economia, deixando-a para a iniciativa privada. Já a esquerda quer aumentar o
tamanho da administração pública e ampliar sua ingerência na vida das
pessoas.


Na economia, os que se dizem de direita preferem o liberalismo econômico – o
livre mercado, o empreendedorismo – permitindo que a concorrência regule os
preços, respeitando as oportunidades individuais. A esquerda defende a ação
do Estado na distribuição de riquezas, via benefícios, assistencialismo,
educação gratuita, saúde para todos e, principalmente, variadas “bolsas”
eleitoreiras.


Nos costumes, as posições são mais claras. A direita tende ao
conservadorismo moral, valorizando estruturas tradicionais de família,
defendendo posições mais rígidas em relação ao aborto, ao casamento e aos
papéis sociais. Já a esquerda costuma apoiar maior liberdade individual,
diversidade cultural, direitos das minorias e políticas sociais progressistas.


Quanto à religião, o espectro é semelhante. Pessoas da direita costumam
valorizar o papel das instituições religiosas tradicionais na sociedade, vendo a
religião como base moral importante. A esquerda, frequentemente, adota
posições laicas, valorizando a separação entre igreja e Estado e o respeito às
diferentes manifestações religiosas.


Quase ninguém é totalmente de direita ou de esquerda. Por exemplo, se
alguém é favorável à liberdade da mulher de realizar aborto, é ateu ou não se
opõe ao relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, é classificado como
esquerdista.


Se acha que o SUS é um desperdício de dinheiro, que os diversos auxílios
governamentais induzem à ociosidade e que todos têm o direito de andar
armados, será classificado como direitista.


O problema é que os extremos ridicularizam a opinião um do outro. Um é
chamado de “esquerdista” como se fosse um xingamento e o outro de “direitão”
com a mesma conotação.

Mas, entre elas, existe o centro, posição mais moderada que, ao contrário da
esquerda, defende o agronegócio, que aquela repudia. Entretanto, o faz
sempre pregando a necessária preservação. Acredita que a escola deve
ensinar o essencial, que as ideologias devam ficar de fora das salas de aula.


Também, contrapondo-se à direita, o centro condena o armamento geral da
população. Pensa que cada um pode escolher seu par romântico, mas não
glamoriza essa opção.


Por fim, os de centro não nutrem qualquer paixão por Lula ou por Bolsonaro e,
embora condenem os extremismos, podem ser amigos tanto de um ruralista de
direita (desculpem a redundância), como de um professor de sociologia
esquerdista (rótulo também dispensável).


Renato de Paiva Pereira.

Foto Capa: Chat GPT

Renato Paiva

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