O governador Pedro Taques (PSDB) perdeu oficialmente seu líder de bancada na Assembleia Legislativa, Dilmar Dal Bosco (DEM), que anunciou na noite de terça-feira (13) o abandono do compromisso. A história já era aventada nos bastidores e chegou a termo no momento em que o deputado leu sua carta de despedida durante a sessão plenária. A justificar o ato, Dal Bosco falou em “inviabilidade” de apoiar o governador para a corrida à reeleição.
Durante a leitura, o deputado que buscará a própria reeleição fala explicitamente sobre as eleições deste ano, de “distâncias” de sua base eleitoral e das “necessidades políticas” de seus eleitores. “Portanto, convicto de que fiz o melhor pelo nosso Estado e por este governo, em caráter irrevogável, venho comunicar que, a partir deste momento, não mais farei a interlocução entre vosso gabinete e esta Casa de Leis na função de Líder do Governo”, disse na tribuna.
Rumores sobre o rompimento vinham desde pelo menos janeiro. O tucano conseguiu amenizar as divergências e pediu pessoalmente a Dal Bosco que continuasse na articulação com os deputados. Ele sabia, entretanto, que o deputado não tão secretamente assim já procurava meios de viabilizar a candidatura de Jayme Campos, como o próprio anda repetindo há semanas a quem quiser ouvir. Dilmar era mais discreto, mas também não negava essa movimentação a jornalistas.
Segurou o quanto pôde o momento da saída, mas não fez muito esforço para impedir a abertura das Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a destinação do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Ele inclusive assinou a abertura da chamada CPI dos Fundos, com Mauro Savi (PSB), Allan Kardec (PT) e Ondanir Bortolini, o Nininho (PSD), como membros.
Mesmo dizendo na carta e no plenário que este é apenas o fim de um ciclo “porém a parceria e companheirismo continuam”, Dilmar Dal Bosco andou publicando fotos no Facebook e Instagram com Jayme e Júlio Campos afirmando com todas as letras a candidatura do primeiro ao governo, assim como as em outros estados, como o Diretório Nacional afirmou na convenção do dia 08 de março.
O também deputado e atual secretário de Cidades, Wilson Santos, se adiantou e decidiu sugerir Leonardo Albuquerque parar liderar a bancada do governo na casa.
Leia a íntegra da carta lida por Dilma Dal Bosco na tribuna da Assembleia e postada no Facebook em vídeo e texto:
“Senhor Governador,
Após ouvir atentamente meus familiares, minha base eleitoral e a minha equipe de trabalho, que juntos me outorgaram o presente mandato como deputado estadual, e estando há apenas 07 meses do novo pleito eleitoral, cheguei a conclusão de que minha permanência na Liderança do Governo se torna inviável.
Apesar de estar deputado pelo Estado de Mato Grosso, como é do vosso conhecimento, a base que represento fica distante da capital entre 250 e 1.300 km e, por conta dos afazeres da liderança, acabo me distanciando dos meus eleitores e, consequentemente, das suas necessidades políticas.
Portanto, convicto de que fiz o melhor pelo nosso Estado e por este Governo, em caráter irrevogável, venho comunicar que, a partir deste momento, não mais farei a interlocução entre vosso gabinete e esta Casa de Leis na função de Líder do Governo.
Agradecido pela confiança recebida, quero ratificar meu íntimo desejo de que Vossa Excelência continue firme no propósito de governar com austeridade, respeito à coisa pública e às pessoas, especialmente nestes tempos onde a crise financeira assola todas as unidades da federação.
Encerra-se este ciclo, porém a parceria e companheirismo continuam”.