Agora, em vez de premiada e no auge de sua popularidade, como em março do ano passado, Dilma atravessará a praça dos Três Poderes para tentar resgatar a lealdade de sua base.
A presidente receberá no plenário do Senado o relatório da CPI da Violência Doméstica e participará de solenidade pelos sete anos da aprovação da Lei Maria da Penha. Ali, discursará a uma plateia atenta aos seus próximos movimentos.
O mote de sua fala será a defesa dos direitos das mulheres. Citará o programa carro-chefe do governo nesse setor, o Casa da Mulher, mas também fará um agradecimento especial ao Legislativo –sobretudo por ter mantido seus vetos em votação na semana passada.
RENAN
Interlocutores da presidente na Casa ainda desconfiam do caráter episódico de sua recente reaproximação com aliados no Congresso. Acreditam ser esse gesto algo ainda isolado, mas um caminho para a reconciliação.
É também um aceno ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que caiu nas graças do Planalto desde sua atuação durante a votação da Medida Provisória dos Portos, em maio.
Aliados atribuem à influência dele, diferentemente do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), maior permeabilidade da base aos projetos do governo.
Calheiros retribuirá o gesto. O Senado promete votar até a semana que vem sete projetos apresentados junto com o relatório final da CPI da Violência Doméstica.
Entre as propostas, estão o que define os crimes de "feminicídio", aqueles que resultarem na morte de mulheres –desde que cometidos por um agressor que mantém relação íntima com a vítima ou quando houver violência sexual, mutilação ou desfiguração da mulher assassinada.
O Senado também quer votar projeto que classifica a violência doméstica como crime de tortura, o que permite às vítimas de violência receber da Previdência uma ajuda temporária e o que cria o Fundo Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, entre outros.
A relatora da CPI, senadora Ana Rita (PT-ES), afirma que foram assassinadas mais de 40 mil mulheres no Brasil entre os anos de 2000 e 2010 –em 41% dos casos os homicídios ocorreram dentro das próprias casas das vítimas.
Follha