A presidente Dilma Roussef aproveitou o encontro com agricultores em Eldorado do Sul (RS), durante cerimônia de inauguração da Unidade de Secagem e Armazenagem da Cooperativa Regional dos Assentados de Porto Alegre (COOTAP), para falar sobre o orçamento da União e o ajuste fiscal. Ela também comentou sobre a necessidade de recuperação da economia – primeiro foi feito um discurso, depois Dilma falou com os jornalistas.
"Para nós é fundamental aprovar esse ajuste. Nós estamos com dois meses e meio de governo e temos um conjunto de programas em andamento, destacou.
"Nós temos vivido nos últimos dias e mês, nós temos vivido um momento bastante tenso no Brasil. E quero dizer para vocês aqui com a mais absoluta sinceridade, o governo nos últimos seis anos tomou todas as medidas possíveis para que a crise não atingisse a população do Pais", disse a presidente, que depois referiu-se a medidas como aumento de subsídios, redução de juros, algumas desonerações,
"Absorvemos tudo isso como qualquer família quando enfrenta uma crise absorve, só tem um jeito. Pegamos o dinheiro do governo federal, que é chamado Orçamento Geral da União, e embutimos tudo isso dentro do orçamento", detalhou.
Pescadores de águas turvas
Segundo a presidente, o País vai escapar da crise em breve. "Esse momento de dificuldade ele é passageiro e conjuntural. Tem gente no Brasil que aposta no quanto pior melhor, que são, eu acho até que são poucos, são chamados pescadores em águas turvas. O que querem não me interessa, o fato é que apostam contra o Brasil. Você não pode apostar contra o seu país. Nós só podemos superar essa situação, momentânea de dificuldade, juntos.
A presidente repetiu parte do discurso feito em outras ocasiões. "No passado, quando tinha qualquer problema internacional, … o País quebrava. O que é quebrar? Não tinha dinheiro para pagar suas contas. Nós, nós eu falo aqui, somos 200 milhões, temos no nosso poder US$ 375 bilhões de reservas, então os movimentos do mercado internacional ao atingir o Brasil, tem um bloqueio, tem uma redução de impacto. Por isso que eu falo: Nós somos um País equilibrado no fundamental, na base, no cerne, no coração", afirmou.
Ainda segundo Dilma, "o nosso desequilíbrio é momentâneo, nós juntos aprovando o ajuste saímos disso no curto prazo. Por isso, que é importante aprovar os ajustes. Sabe por quê? Ajustar é dar vida, todo mundo faz isso. Nós não estamos ajustando porque gostamos ajustar. Estamos ajustando porque o País tem que continuar crescendo, gerando emprego e fazendo políticas sociais."
Dilma procurou ser didática ao falar com os agricultores: "Quero dizer uma coisa para vocês: o ajuste não acaba com a agroindustrialização, o ajuste não acaba com o Minha Casa, Minha Vida Rural. Nós temos 1,650 milhão de moradias em construção. Os 3 milhões novos é que nós abrimos o processo de discussão para saber quanto fica para Minha Casa, Minha Vida Entidades, quanto fica para Minha Casa Minha Vida Rural e mais: quem faz o Minha Casa, Minha Vida – é bom que vocês saibam – é a Caixa Econômica Federal para o empresário, ou para o movimento e esse faz diretamente para aquele que vai receber a casa. Os governos estaduais e as prefeituras cadastram, e o cadastro tem de ser público, o cadastro tem de ser transparente para ninguém usar o Minha Casa, Minha Vida em benefício próprio ou com outras intenções."
Defesa do diálogo
Para a presidente, apesar da reprovação ao seu governo, exposta na manifestação do último domingo, dia 15, o governo vai procurar o diálogo. "Ninguém tem de concordar com ninguém em tudo, eu não estou aqui pedindo para concordarem com tudo que o governo faz, mas para entenderem o que nós queremos com um movimento como o de vocês, o que eu nós queremos? Nós queremos diálogo, muito diálogo, nós queremos sugestões, nós queremos que vocês digam para nós o que está dando certo e o que não tá dando certo, por quê? Porque só assim que se aperfeiçoa. Nada nasce pronto, tudo é fruto do esforço e do trabalho. E esse esforço e esse trabalho é que dignificam a minha relação, a relação do governo com o MST, com os assentados, com a agricultura familiar", afirmou.
Mais uma vez Dilma falou da posição de humildade de seu governo, "mas não é de humildade para ir para o céu, não, você tem toda razão, não é para ir para o céu. Não que a gente seja contra ir para o céu, mas é para fazer o seguinte: é quando você dialoga, você tem de olhar para pessoa com a qual você está dialogando e considerá-la um igual a você, nem melhor, nem pior do que você, tratar como igual, é isso que é dialogar".
Fonte: iG