No mesmo dia em que milhares de pessoas se manifestaram pelo país contra o governo e contra a corrupção, foi postada uma mensagem, na página da presidente Dilma Rousseff na rede social Facebook, que diz o combate à corrupção é uma meta constante do governo federal.
A página da presidente da República no Facebook é administrada pelo Partido dos Trabalhadores. Segundo o Palácio do Planalto, essas declarações não foram dadas neste domingo (12) pela presidente da República. Trata-se de uma compilação de frases recentes de Dilma Rousseff sobre o assunto.
"A guerra contra a corrupção deve ser, simultaneamente, uma tarefa de todas as instituições, uma ação permanente do governo e também um momento de reflexão da sociedade de afirmação de valores éticos", afirma a presidente na mensagem divulgada neste domingo.
No mês passado, após as manifestações registradas em 15 de março em todo o país, o governo enviou ao Congresso Nacional um “pacote anticorrupção”, conjunto de propostas elaboradas pelo Executivo para inibir e punir irregularidades na administração pública.
Manifestações
Manifestantes fizeram protestos contra o governo de Dilma Rousseff e contra a corrupção em mais de 200 cidades em 24 estados e no Distrito Federal neste domingo.
Os números de manifestantes – 700 mil, segundo a polícia, ou 1,5 milhão, segundo os organizadores – foram menores do que nos atos de 15 de março.
Há pouco mais de um mês, 2,4 milhões de pessoas, segundo a polícia, ou 3 milhões, segundo os organizadores, protestaram em 252 cidades de todos os estados do país e no DF.
Em São Paulo, o cofundador do Movimento Brasil Livre, Kim Kataguiri, comentou a baixa nas estimativas de público: "Ainda que tenha tido menos pessoas, para a gente, é mais importante fazer protestos localizados do que reunir todo mundo em um só lugar".
As palavras de ordem de hoje foram as mesmas do último grande protesto: contra a corrupção, o governo e o PT. Mas desta vez todos os principais movimentos, entre eles o Vem Pra Rua, pediram a saída da presidente Dilma Rousseff. Em 15 de março, nem todos falavam em impeachment.
"Nós não éramos a favor [do impeachment] naquele momento porque não achávamos que havia argumento jurídico suficiente ainda. […] De lá para cá várias teorias jurídicas novas surgiram, inclusive algumas usando a ação de crime comum para investigação da presidente", disse Rogerio Chequer, representante do Vem Pra Rua em São Paulo, ao jornal "Valor Econômico".
Vice-presidente Michel Temer
Mais cedo, o vice-presidente da República, Michel Temer, disse que o fato de as manifestações deste domingo terem reunido menor número de pessoas do que em março não significa que elas têm menor importância. Segundo ele, as manifestações revelam uma "democracia poderosa".
Ele esteve hoje em Porto Alegre (RS) no velório do jurista e político gaúcho Paulo Brossard, que aconteceu no Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul. O ex-ministro morreu pela manhã, aos 90 anos, em sua residência em Porto Alegre.
De acordo com Temer, o governo tem que estar atento às reivindicações e trabalhar para atendê-las. As pesquisas de opinião indicam que o governo precisa trabalhar, acrescentou o vice-presidente. Ele lembrou que o governo já está tomando ações na economia e também no combate à corrupção e informou que é preciso aprofundar esse trabalho.
"Nós temos que estar muito atentos a estas manifestações. O governo está prestando atenção. Elas revelam, em primeiro lugar, vou dizer o óbvio, uma democracia poderosa. Mas, em segundo lugar, o governo precisa identificar quais são as reivindicações e atender as reivindicações. É isso que o governo está fazendo", declarou.
Fonte: G1