A presidente Dilma Rousseff afirmou neste domingo (18) que a volta da CPMF é "crucial para o país voltar a crescer" e para reequilibrar as contas públicas do país. Ela também rebateu as críticas do presidente do PT, Rui Falcão, que defendeu a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e disse que ele continua no cargo.
"O Brasil precisa aprovar a CPMF para que a gente tenha um ano de 2016 estável, do ponto de vista do reequilíbrio de nossas finanças", afirmou a presidente. "Nós acreditamos que a CPMF é crucial para o país voltar a crescer", completou depois.
"Estabilizar as contas públicas para quê? Para que o país volte a crescer, para que se perceba que o Brasil tem uma solidez fiscal que vai permitir que nós… Sem a CPMF isso é muito difícil, não vou dizer assim é ‘impossível’. Vou te dizer o seguinte: está no grau de dificuldade máximo. A CPMF é crucial para o país", disse.
Sobre a permanência de Levy no governo, Dilma disse que a opinião do presidente do PT não era a do governo. Em entrevista publicada na edição deste domingo do jornal "Folha de S. Paulo", Falcão defendeu que haja uma mudança na política econômica ou a eventual substituição de Levy, caso ele não siga a orientação de Dilma na área. A sexta-feira (16) foi um dia de fortes rumores sobre a permanência dele no cargo, com reflextos até nos mercados.
"Eu acho que o presidente do PT pode ter a opinião que ele quiser. Não é a opinião do governo. Então, a gente respeita a opinião do presidente do PT, até porque ele é o presidente do partido que integra a base aliada, do partido mais importante, mas isso não significa que ela seja a opinião do governo", disse também a presidente.
Questionada sobre uma reunião com o ministro na última sexta, Dilma negou que uma eventual saída dele do cargo tenha sido discutida. "Não tocou-se nesse assunto. Não tinha nenhuma insatisfação dele, até porque essa entrevista [de Rui Falcão] não tinha ocorrido", afirmou.
A presidente também reclamou das especulações sobre a saída de Levy da Fazenda. "Eu não sei como é que sai essas informações. Agora, elas são muito danosas, porque de repente aparece uma informação que não é verdadeira", disse.
Os rumores ganharam força após críticas públicas, nos últimos dias, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sustentou que o governo deveria abandonar de forma imediata o ajuste fiscal em implementação pela equipe de Levy.
Em outra parte da entrevista, quando voltou a ser questionada sobre Levy, Dilma reiterou que o ministro não está de saída nem que discutiu o assunto numa reunião na sexta.
"Ele não está saindo do governo. Ponto! Eu não toco mais nesse assunto. Me desculpa, qualquer coisa além disso está ficando especulativo. Me desculpa, especulativo. Vocês não farão especulação a respeito do ministro da Fazenda comigo. Não vão fazer. É essa a minha fala final. A partir de agora, não vou mais responder a respeito do ministro Levy. Isso é fantástico! A política econômica dele. Se ele fica, é porque nós concordamos com ela", disse.
Ela afirmou que durante a reunião, foram discutidos "os próximos passos" e a estratégia do governo para aprovar as principais medidas do ajuste fiscal. Além da CPMF, a presidente também destacou a "DRU", sigla para Desvinculação das Receitas da União, mecanismo que dá ao governo liberdade para usar livremente 20% do que arrecada de parte dos impostos.
Dilma afirmou que um dos fatores que levaram ao atual momento de "dificuldade" na economia foi a "desoneração para além do que era desejável", em referência à diminuição de tributos para setores da economia em seu primeiro mandato. Ela disse que "ninguém contava" com a desaceleração da China "nessa proporção" e que não havia como prever a diminuição no preço das commodities.
Crise política
Questionada sobre a crise política no país, ela negou que o governo tenha feito qualquer acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e disse que o acordo dele era com a oposição.
Nos últimos dias, segundo o Blog do Camarotti, com o agravamento das denúncias contra ele, Cunha tem ensaiado uma aproximação com o governo para discutir a possibilidade de ter o seu mandato poupado no processo que responderá no colegiado por suposta quebra de decoro parlamentar. Até então, a estratégia do peemedebista era, respaldado pela oposição, pressionar o governo com a abertura de um processo de impeachment.
Ao comentar as provas da existência de contas na Suíça contra Eduardo Cunha, a presidente afirmou que "lamenta que seja um brasileiro".
Fonte: G1