Cidades

Diferença de preços de medicamentos passa de 600%

Em maior ou menor proporção, o uso de medicamentos faz parte da rotina do brasileiro, movimentando um mercado cada vez mais promissor. Produtos que supostamente garantem mais qualidade de vida para a população, mas que muitas vezes são vendidos por preços abusivos. 

Antes de dar continuidade à questão dos valores, cabe destacar que o Brasil é um dos maiores mercados consumidores de remédios e similares, tendo ocupado a sexta posição do ranking mundial no ano passado, movimentando R$ 125,1 bilhões, segundo dados de um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). A pesquisa indica que o País deve subir mais uma ou duas posições até 2018.

Retomando a discussão dos preços, sabemos que economizar é uma prática sempre bem vinda, mas que se torna especialmente importante em períodos de fragilidade econômica, a exemplo da crise pela qual passa o País. Mesmo quando se trata de saúde, é possível gastar menos, comparando o preço dos medicamentos antes de fechar a compra. 

Por meio de uma pesquisa (realizada no dia três de dezembro) em farmácias escolhidas de forma aleatória, incluindo uma unidade de preços populares, detectamos diferenças bastante expressivas entre os valores dos medicamentos praticados por estabelecimentos de Cuiabá. Para a comparação, utilizamos uma lista da Hipolabor Farmacêutica, que indica os mais vendidos em 2015, como analgésicos, anti-hipertensivos, descongestionantes nasais e até ansiolíticos. 

 A diferença do preço do Neosoro (descongestionante nasal), que ocupa o primeiro lugar entre os mais vendidos do ano, passa de 300%. O mesmo produto, que é vendido por R$ 3,00 em uma farmácia, chega a custar R$ 13, 29 em outra. Já no caso do segundo mais vendido, a diferença é bem menor. A caixa com 30 comprimidos de Dorflex varia de R$ 8,99 a R$ 13,20.

Uma das maiores diferenças – de quase 700% – foi verificada na venda do Losartana 50 miligramas (anti-hipertensivo). O valor mais baixo, de R$ 2,99, contrasta bastante com os R$ 23, 38 praticados por outra empresa.  Dependendo da farmácia escolhida, é possível economizar mais de 200% na compra da Sinvastatina 40 miligramas (medicamento para redução do colesterol e triglicérides): nossa equipe encontrou valores que variam de R$ 17,00 a R$ 58,98.

Também bastante utilizada, a Neosaldina com 30 comprimidos pode custar de R$ 12, 84 a R$ 22,12. O ansiolítico Rivotril em gotas varia de R$ 10, 00 a R$ 18, 90 e o Puran T4, 100 miligramas (para reposição hormonal), custa de R$ 6,63 a R$ 11,20.  

Regulação                                               

De acordo com o Conselho Regional de Farmácia do Estado (CRF-MT), a única regulação existente é a do preço máximo de venda ao consumidor, definido pela Cemed (câmara de regulação do mercado de medicamentos vinculada ao Governo Federal). No entanto, praticamente não há fiscalização para acompanhar se os limites estão sendo efetivamente respeitados. 

Qualidade e preço

Presidente do CRF-MT, Alexandre Magalhães defende que o valor não deve ser o único referencial do consumidor. “A gente observa que existe essa diferença e que impacta muito no bolso do cidadão. Só que as pessoas não devem pensar apenas no preço, mas também na qualidade oferecida pela empresa. Para atender bem, a farmácia precisa de uma boa estrutura, com a presença de farmacêutico durante todo o tempo em que o estabelecimento estiver funcionando, então o preço não deve ser o único fator avaliado”, diz.  

Panorama

Quando a comparação é feita entre Estados, a diferença pode ser estarrecedora. No mês passado, o Instituto de Ciências Tecnológicas e Qualidade Industrial divulgou uma pesquisa realizada em 18 capitais. O resultado mostra que a variação, no caso de determinados remédios, chega a 2.000%.

O preço da aspirina, por exemplo, varia de R$ 0,98 até R$ 20, dependendo do estabelecimento e localidade onde é comprado. Um medicamento anti-inflamatório que custa R$ 2,90 em uma farmácia, chega a custar R$ 30 em outras, conforme o levantamento.

Genéricos

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o medicamento genérico é aquele que contém o mesmo princípio ativo, na mesma dose e forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e com a mesma posologia e indicação terapêutica do medicamento de referência.

Ou seja, esses medicamentos supostamente apresentam os mesmos resultados que os produtos de referência e geralmente têm custo mais acessível. “A partir do momento em que o laboratório passa a ter o registro na Anvisa, sendo determinado medicamento disponibilizado para o consumo, é porque ele foi avaliado como sendo eficaz e seguro”, resume o presidente do CRF-MT.

A substituição do medicamento prescrito pelo medicamento genérico correspondente só pode ser realizada por um farmacêutico responsável.  Como os genéricos não têm marca, a embalagem indica o princípio ativo do remédio.

Segundo levantamento da Hipolabor Farmacêutica, os medicamentos abaixo relacionados foram os mais vendidos em 2015. A equipe do Jornal Circuito Mato Grosso escolheu alguns estabelecimentos (de forma aleatória, pela internet) e desenvolveu este levantamento no dia três de dezembro, comparando o preço dos remédios líderes de mercado, aqui na Capital.  

A especificação dos remédios (quantidade de comprimidos, miligramas, etc) foi utilizada como referência para comparação dos preços: Neosoro (descongestionante nasal adulto), Dorflex (analgésico com 30 comprimidos), Losartana (anti-hipertensivo 50 miligramas), Sinvastatina (redução do colesterol e triglicérides com 40 miligramas), Neosaldina (analgésico com 20 comprimidos), Rivotril (ansiolítico em gotas), Puran T4 (reposição hormonal, 100 miligramas). 

Veja reportagem na 566 edição do jornal Circuito Mato Grosso 

Thales de Paiva

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