Foi no ano de 1960 que o Dia do Escritor foi criado. O 25 de julho decorre da iniciativa da União Brasileira de Escritores, presidida por João Peregrino Júnior e Jorge Amado, instituído durante o I Festival do Escritor Brasileiro. Daí em diante, vem sendo festejado para trazer à memória os nomes da literatura brasileira. Também oportuniza ações de incentivo à leitura ao alunado do ensino fundamental e médio.
Para não deixar a data perdida no silêncio sepulcral das instituições governamentais, falar de escritores, especialmente nacionais é, sem dúvida, uma boa conversa. Aqui, a ênfase é dada aos escritores e escritoras indígenas, de diversas etnias, que vêm ocupando lugar no mercado editorial com expoente produção literária: Saturnina Urupe Chue, Daniel Munduruku, Maria Alice Cupudunepá, Olívio Jekupé, Beatriz Kaban Cinta Larga, Eliane Potiguara, Tiago Hakiy, Lia Minápoty, Ailton Krenak, Cristino Wapichana, Roni Wasiry Guará, Kaká Werá Jekupé, Olívio Jekupé, Renê Kithaulu, Vãngri Kaingáng, Shirley Djukurnã Krenak, Taliko Kalapalo, Márcia Wayana Kambeba, Yaguarê Yamã, Edson Utumy Rikbaktsa, Tupy Myky, Werá Jeguaka Mirim, Edicléia Paresi, Kanátyo Patáxo, Marcos Terena, Bengroi Tapayuna e tantos, tantos, tantos. Para dar a conhecer uma expressiva parte da produção literária indígena, consulte na plataforma Wikilivros Bibliografia das Publicações Indígenas do Brasil, organizada por Daniel Munduruku, Aline Franca e Thulio Gomes. Também Literatura escrita pelos povos indígenas, de autoria de Olívio Jekupé, um ensaio/manifesto sobre a literatura indígena produzida no Brasil, que valoriza as fontes orais, sempre em risco de desaparecimento em consequência da violência que atinge há séculos os povos indígenas.
Para comemorar o Dia do Escritor destaco o indígena da etnia Guarani, Olívio Jekupé, com três de suas obras: Ajuda do Saci Kamba’i, O Saci verdadeiro e O presente de Jaxy Jaterê, todas tratando de Saci. Personagem muito conhecido em terras brasileiras (e fora delas também), conforme demonstrou Monteiro Lobato em Saci Pererê – resultado de um inquérito, Luís da Câmara Cascudo no Dicionário do Folclore Brasileiro, Egon Schaden em Aspectos da cultura guarani, Renato da Silva Queiróz com Um mito bem brasileiro: estudo antropológico sobre o Saci.
Jekupé é o primeiro indígena a tratar do personagem Saci e, na análise da antropóloga Betty Mindlin, a “novidade é a insistência de um Saci indígena”. Vamos conhecer as diversas proveniências de Saci Pererê, seus tantos nomes e seus feitos?