Opinião

DIA DAS CRIANÇAS

AS PLÊIADES NO CALENDÁRIO NAMBIQUARA

Os astros fazem parte de rituais e do cotidiano dos índios. Aproximadamente um mês por ano, de maio a junho, as Plêiades não são visíveis, porque ficam muito perto da direção do Sol. É bem no início de junho que as estrelas podem ser avistadas, no horizonte, ao Leste, pouco antes do nascer do Sol.
 
A etnia Nambiquara, por exemplo, associa a época da queimada à posição da constelação das Plêiades. Explicam os índios que a constelação das Sete Estrelas, como eles as chamam, aparece às dez horas da noite. Quando a constelação se deixa ver a olho nu por volta da meia-noite até às duas horas da madrugada é sinal de atear fogo no mato para prosseguir com os trabalhos agrícolas. Outro sinal para indicar o tempo certo da queima é dado pela ave curiango, que canta no mês de agosto. 

Para o Nambiquara, crianças – o bem maior – são referências frequentes na mitologia e, na maioria das vezes, responsáveis pelas inovações em seus modos de viver. São elas que trazem as grandes mudanças e, por sua condição etária, não são castigadas por seus atos imprevisíveis.

A constelação das Plêiades é, para o Nambiquara, formada por sete crianças que se transformaram em estrelas, quando em fuga subiram para o céu por uma escada de cipó, após matar uma mulher sobrenatural, de índole má. Uma criança, com medo, ficou para trás e, por isso, virou inhambu. De longe, ainda podia ver o tamanho da escala de cipó e as crianças virando estrelas, a piscar no firmamento.

Assim como crianças, na imagem de estrela, passaram a ensinar a época propícia à agricultura, é também uma criança que se transmutou em diversas plantas comestíveis e utilitárias para alimentar seu povo e possibilitar a fartura alimentar que deve ser associada ao resultado da caça, da pesca e da coleta. 

Na concepção Nambiquara, crianças-gentes, crianças-estrelas, crianças-espíritos estão sempre a mirar os adultos, prontas a desenhar um mundo com mais alegria.

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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