É bom ver que pouco a pouco as ideias da extrema-esquerda estão perdendo força, expurgando os exageros ideológicos.
Os defensores radicais do ambientalismo, por exemplo, embora ainda atuantes em vários grupos sociais, lentamente vão percebendo que mais importante é o ser humano não a natureza. Esta deve ser preservada em proveito daquele, não priorizar as matas mesmo em desfavor dos humanos.
Essa mudança de entendimento ficou clara nesses dias de reunião da Cúpula da Amazônia e em outros episódios anteriores deste início deste governo. Em alguns momentos nestes sete meses, as decisões do Lula ficaram muito próximas do que faria ou fez o Bolsonaro. Veja, por exemplo, a declaração do Presidente alertando que não devemos ver a Amazônia como um santuário intocável, em prejuízo da população que ali vive. Ele defende o uso da enorme riqueza que existe debaixo das árvores, que deve ser explorada desde que se preserve a natureza.
Também nota-se uma boa vontade do governo na liberação de novas moléculas de defensivos agrícolas que, ao contrário do que pensam os esquerdistas, substituem com vantagem os produtos que existem no mercado: os liberados são mais eficientes e menos poluidores.
Outro fato que surpreendeu foi o apoio do Lula à exploração do petróleo e gás natural na chamada Margem Equatorial Brasileira, situada na foz do Amazonas. Exige-se somente que estudos mais aprofundados confirmem a viabilidade econômica com baixos danos ecológicos.
Tem mais: o Presidente anunciou a inclusão da usina nuclear Angra 3 no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Usinas nucleares, com o nível de segurança que existe hoje, são uma forma excelente de produção de eletricidade com baixo índice de poluição.
Estas decisões e intenções do Lula – exploração racional das riquezas da Amazônia, liberação de defensivos modernos, prospecção de petróleo em região considerada sagrada, ampliação da Usina Nuclear de Angra – seriam com certeza tomadas pelo ex presidente Bolsonaro ou por qualquer governo de direita.
Mas entre os acertos há também vacilos: um fato que embora não tenha maiores repercussões econômicas, mostra um Lula negacionista. Contrariando a ciência e a Ministra da Saúde Nísia Trindade, ele sancionou a lei que libera o uso da Ozonioterapia, ainda que com algumas limitações.
Aqui ele se assemelhou de novo ao Bolsonaro. Só que agora negativamente. Tal como o ex-presidente que liberou e divulgou a Cloroquina sabidamente sem nenhum valor terapêutico para a Covid-19, o Lula incorporou o ozônio ao SUS, mesmo com opinião contrária da Ministra da Saúde. Ela, como médica e adepta das decisões científicas,sabe que não há evidências de benefícios no uso desta técnica. No mínimo é gastar dinheiro à toa.
O fato é que o Lula, após um período em que se especializou em falar besteiras e estimular o confronto político, parece interessado em se afastar um pouco do PT e de suas ideias ultrapassadas.
Renato de Paiva Pereira