As informações sobre a Arena Pantanal estão disponíveis no portal "Copa Transparente", criado pelo Senado e pela Câmara dos Deputados para acompanhar os gastos públicos com o mundial da Fifa. Segundo uma determinação do TCU (Tribunal de Contas da União), os governos locais são responsáveis por atualizar as informações acerca das obras sob sua batuta.
o caso do Mato Grosso, as últimas informações referentes a pagamentos e empenhos para obras do estádio são de março deste ano. Empenho é um valor que o governo se compromete a pagar, separa para investir em determinada ação, mas ainda não o fez de fato. Daí a diferença entre o que foi empenhado e o que foi efetivamente pago.
O custo da arena pública erguida em Cuiabá, que vai receber quatro jogos do Mundial que começa na próxima quinta-feira, dia 12, ainda é de R$ 570 milhões na Matriz de Responsabilidades, documento assinado por União, estados e municípios que traz a lista de todas as obras previstas para ficarem prontas a tempo do início da Copa nas 12 cidades-sede, assim como seus custos e "donos".
Inicialmente, em 2009, a licitação para a construção da Arena Pantanal falava em um gasto de R$ 395 milhões. No final, acabou em cinco contratos diferentes — indo da construção da estrutura ao mobiliário interno — com um valor total de R$ 533 milhões. Os dois últimos foram assinados em 2013. Em setembro do ano passado, a revisão mais recente da Matriz atualizou este valor para R$ 570 milhões, hoje está em R$ 628 milhões já desembolsados e não para de subir.
De acordo com a Secopa-MT (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo no Mato Grosso), dizer que este valor pode chegar a R$ 1 bilhão não é correto. Isso porque o portal de acompanhamento de gastos não leva em conta os estornos feito em cima dos valores empenhados. Em um empenho de R$ 108 milhões, por exemplo, foram pagos efetivamente apenas R$ 20 milhões e o restante ficou retido, de acordo com documentos internos do governo do Mato Grosso. A secretaria, no entanto, não mostra o total de recursos dos empenhos que foram de fato retidos ou devolvidos.
A Secopa-MT confirma que já gastou R$ 628 milhões pela obra, quase R$ 60 milhões a mais do que havia sido informado até agora. As diferenças "ocorrem pelos reajustes feitos durante o período da obra, reajustes que ocorrem em todas as obras", explica a nota enviada à reportagem. Apesar de dizer que o custo total não deve chegar a R$ 1 bilhão, a Secopa-MT não informa qual a atual previsão de gasto total já que os pagamentos ainda não terminaram e o orçamento está estourado, conforme questionou o UOL Esporte.
De acordo com o órgão, o fato do governo separar um orçamento para algo não significa que o montante será inteiro gasto, sempre há uma margem de segurança. Assim, não é possível dizer o valor final até que todos os pagamentos tenham sido efetuados.
Oficialmente, apenas o estádio Mané Garrincha, em Brasília, e o Maracanã, no Rio de janeiro, possuem um custo acima de R$ 1 bilhão. De acordo com o TC-DF (Tribunal de Contas do Distrito Federal) o custo total da arena brasiliense e seu entorno é de R$ 1,9 bilhão até agora. O Maracanã está em R$ 1,3 bilhão. Apesar disso, o Itaquerão, em São Paulo, também deve sair no final das contas por pelo menos R$ 1,1 bilhão.
Assim, o "clube do bilhão" pode contar com quatro dos 12 estádios erguidos país afora para a Copa. Ao todo, os estádios do Mundial saem por pelo menos R$ 8 bilhões nas contas da Matriz, que já está desatualizada — R$ 3,9 bilhões em empréstimos da União a empresas e governos locais, R$ 3,9 bilhões de investimentos direto dos estados e e municípios e outros R$ 133 milhões da iniciativa privada.
UOL