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Detentos, ‘gerentes’ do crime e responsáveis por ‘salves’ estão entre alvos de operação

As investigações realizadas pela Polícia Civil, que culminaram na deflagração da 'Operação Constantine', nesta quinta-feira (03), com objetivo de cumprir 35 mandados de prisão e busca e apreensão contra membros do Comando Vermelho (CV), tem como alvo detentos, 'gerentes' do crime e os responsáveis por aplicar sessões de espancamento a mando da facção, prática que ficou conhecida como 'salves'.

As investigações sobre a atuação da facção iniciaram em 2019. Com apoio da Diretoria e Inteligência da Polícia Civil, a equipe da Delegacia de Água Boa (730 quilômetros de Cuiabá) chegou a uma organização criminosa composta por detentos reclusos em unidades prisionais de Mato Grosso, entre elas na penitenciária Major Zuzi, no município supracitado, além de diversas pessoas que estão em liberdade e se aproveitam do poder auferido pela facção para praticarem o crime de tráfico de drogas.

De acordo com informações coletadas nas investigações, a organização criminosa é estruturada e se caracteriza pela divisão de tarefas entre seus integrantes, sendo responsável por significativa parcela de crimes praticados na cidade. 

O grupo se associou com a intenção de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza mediante a prática de crimes cujas penas são superiores a quatro anos, em especial o tráfico de drogas e associação, entre outros.

As investigações apuraram ainda que o núcleo da organização investigada controlava o tráfico de drogas em Água Boa, realizando o tabelamento de preços de drogas como maconha e cocaína e o controle de boa parte dos pontos de venda e comercialização de drogas, conhecidos como 'bocas de fumo, biqueiras ou lojinhas'.

Líderes da organização criminosa, responsáveis por fazer o recolhimento dos valores destinados ao grupo, também foram identificados como '‘gerentes’' ou '‘disciplinas’' cuja função é fiscalizar, repreender e punir outros membros faccionados e moradores da região sob domínio e que violem as regras da facção criminosa, com a aplicação de punições vulgarmente conhecidas como “salves”.

Operação

A operação denominada Constantine foi deflagrada pela Núcleo de Inteligência da Regional de Água Boa para cumprimento de 21 ordens de prisões preventivas e 14 de busca e apreensão, com objetivo de reprimir diversos crimes praticados por uma facção criminosa atuante na região.

Entre os crimes praticados pelo grupo criminoso estão o tráfico de entorpecentes, associação criminosa, associação para o tráfico, tortura e homicídio. Os trabalhos também buscam coletar provas para robustecer inquéritos instaurados pela delegacia de Água Boa.

As ordens judiciais foram expedidas pela 7ª Vara Criminal de Combate ao Crime Organizado de Cuiabá, após representação do coordenador de inteligência de Água Boa, delegado Gutemberg de Lucena Almeida. Foram deferidas as prisões preventivas contra 21 alvos suspeitos de praticarem os crimes de tráfico e associação para o tráfico, além de integrarem a organização criminosa investigada. 

A Justiça também concedeu as ordens de busca e apreensão domiciliar em 14 endereços ligados ao grupo investigado e o bloqueio de contas bancárias utilizadas para lavagem de dinheiro.

O delegado regional, Valmon Pereira da Silva, ressaltou a importância da operação para a região, sendo que diversos dos investigados atuam de forma direta ou indireta em vários municípios do polo e a prisão da organização criminosa dificultará a expansão dos atos ilícitos nessas cidades. 

“Em três meses, a Polícia Civil de Água Boa, contando com a Operação Vespeiro, já identificou e prendeu aproximadamente 40 integrantes de organização criminosa que atuava na região”, destacou o delegado Gutemberg de Lucena. 

Redação

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