O detento Cícero Junior Oliveira Dias, 20, morreu na madrugada de terça-feira (26) depois de receber atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Pascoal Ramos em Cuiabá (MT). O jovem estava detido na Penitenciária Central do Estado (PCE), no raio 4, e estava com tuberculose.
Cícero já apresentava um quadro da doença, que estava avançando, e a família do jovem morto, alega nas redes sociais que o detento contraiu a doença na PCE. No dia do falecimento, a vítima sentiu náuseas, febres e quadro de fraqueza, como mostra vídeo que circula nas redes sociais, em que Cícero, muito fraco, conversa com o juiz corregedor da penitenciária, Geraldo Fidélis, e relata que necessitaria de atendimento médico.
Ao ser encaminhado a UPA o médico que atendeu Cícero informou a equipe de agentes que acompanhavam a vítima que não seria necessário a internação do jovem, e que os sintomas iriam passar. Porém, ele não resistiu e faleceu.
A irmã de Cícero, Laura Dias nas redes sociais, culpa o estado pela a morte do jovem, que segundo ela não recebeu atendimento necessário.
"O estado matou meu irmão. O único filho dela a razão do seu viver. Vem dr Geraldo fideliz ver o desespero da minha se vc tivesse exigido o tratamento correto ele não estaria no caixão. Meu irmão ficou em camburão das 9:00 as 19:00 sem comer e beber isso é humano?????????????", alega ela em uma postagem realizada no facebook.
Em outra postagem Laura informa que a culpa é dos governantes e dos agentes que não fornceciam remédio a seu irmão.
"Cade vocês governadores do estado do MT cade as verbas??????? Cadê a saúde que vc prometeu em tempo de campanha???? Meu único irmão morreu por incompetentes pq não internaram vc meu bb ?? Nem remédios os agentes davam ohhh meu irmão logo vc?? Um cara muito bom, todos te considera", desabafa.
Em nota, a Sejudh alega que Cícero recebia atendimento médico dentro da unidade desde que foi diagnosticado com a doença. A mãe do jovem contesta a Sejudh e alega que seu filho não recebeu o atendimento necessário para que sobrevivesse. Inclusive o Circuito Mato Grosso obteve acesso a uma carta do diretor da PCE, Bruno Henrique Ferreira Marques, que relata que o detento recebeu todo atendimento necessário.
Confira a nota da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos.
“O detento Cícero Junior Oliveira Dias, 20 anos, estava preso por roubo qualificado e deu entrada na Penitenciária Central de Cuiabá em 31/08/2016. Em relação às acusações da família, informamos que nenhuma procede, inclusive esta de que teria ficado por dez horas em uma viatura. Ele recebeu todo atendimento todas as vezes que necessitou. Abaixo seguem as informações mais detalhadas desde que ele foi diagnosticado com tuberculose.
A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos esclarece que todos os procedimentos médicos e ambulatoriais foram tomados para atendimento do detento Cícero Junior Oliveira Dias, 20 anos, pela equipe de saúde da Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá.
Cícero morreu na noite de terça-feira, 26 de setembro, de causa ainda desconhecida conforme laudo preliminar emitido pelo Instituto Médico Legal. Na unidade, o preso recebeu atendimento médico por uma unidade do Samu.
O preso se sentiu mal durante o dia de terça-feira, apresentando náuseas, vômito, febre e alegando fraqueza, e foi encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento do bairro Pascoal Ramos. O profissional médico que o atendeu na UPA não entendeu a necessidade de internação, sendo medicado e reencaminhado à unidade prisional.
Cícero foi diagnosticado em abril deste ano com tuberculose e deste então vinha recebendo acompanhamento médico, inclusive foi trocado de ala na penitenciária, a pedido da equipe de saúde, para melhor atendimento. Os presos que são diagnosticados com tuberculose ficam em local isolado dos demais.
Todos os protocolos médicos para atendimento a paciente com esse tipo de patologia foram seguidos, inclusive com acompanhamento de pneumologista, como é realizado com os demais presos. São realizados os exames necessários, assim como a notificação obrigatória no Sistema Nacional de Agravos, do Ministério da Saúde.
Informamos que em atendimento com um dos profissionais médicos da Penitenciária, em 29/06/17, o preso relatou que estava tomando de forma irregular o medicamento para tuberculose e que reduziu o mesmo por conta própria
Todos os encaminhamentos e atendimentos a Cícero Junior estão documentados e foram informados às autoridades competentes.
Nesta semana, antes do preso vir a óbito, o mesmo conversou com o juiz corregedor da penitenciária, magistrado Geraldo Fidélis, que constatou o atendimento médico, que posteriormente foi relatado a familiares do detento”.
Veja o vídeo de Cícero no presídio: