Foto: JLSiqueira/ALMT
Com Felipe Leonel
Os dois deputados federais e quatro estaduais do PSB devem se reunir no próximo sábado (6) para debater medidas a serem tomadas, após a decisão da Executiva Nacional da sigla, que no último dia 27 de abril destituiu o deputado Fábio Garcia da presidência do diretório regional do partido, em Mato Grosso.
De acordo com o deputado estadual Oscar Bezerra, uma das medidas a serem tomadas pelos parlamentares é a desfiliação em bloco do partido. Além dos parlamentares, a decisão também pode ser tomada pelo ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes.
“Nós vamos nos reunir no próximo sábado para debater esse assunto. Vamos definir os rumos que serão tomados, pois ninguém vai tomar uma decisão isolada. Vamos tomar a decisão em bloco. Não vai ser o ‘Fabinho’ que vai sair ou ficar no partido sozinho”, afirmou ao Circuito Mato Grosso, nessa quarta-feira (3).
“O PSB [em Mato Grosso] é muito coeso. Construiu isso em sua história. Crescemos como nenhum outro partido no Estado”, completou.
A destituição de Garcia foi motivada pelo descumprimento de resolução interna que determinava o voto contrário a reforma trabalhista na Câmara Federal.
Além do deputado todos os outros membros do diretório em Mato Grosso foram destituídos. Entre os membros estão Mauro (presidente de honra) e o deputado federal Adilton Sachetti, que era o vice-presidente.
“Não vai ser uma decisão da Nacional que vai desmotivar qualquer liderança politica desse grupo. Nosso grupo é coeso, seja no PSB ou fora dele. Ninguém sai sozinho. É uma decisão em bloco”, afirmou.
Conforme Oscar, a decisão da Executiva foi antidemocrática. “A decisão do PSB foi ideológica, autoritária e ditatorial. Esse procedimento revela que a Executiva Nacional do PSB não está disposta a conviver em uma sociedade democrática, pois desrespeita as bases do partido. Desprezam o fundamento constitucional da liberdade de expressão e de voto”.
“A Executiva, ao destituir Fábio Garcia deixa claro que não aceita o debate e o contraditório. Comete um grande erro. O que fizeram com Fábio Garcia foi um desrespeito com todos nós, que o elegemos para a presidência do partido em Mato Grosso”, disse.
“Jogo de cena”
Após a destituição, de acordo com informações de bastidores, Garcia já teria recebido convite do governador Pedro Taques (PSDB) para deixar o PSB e se filiar ao PSDB. Outras siglas, como o PSD e PP também teriam demonstrado interesse em “abrigar” o deputado.
No entanto, de acordo com Oscar, Garcia não cogitou a possibilidade de deixar a sigla, que até então presidia.
“É especulação. O Fábio descarta qualquer possibilidade de saída, pois, em sua compreensão, o PSB está fazendo o seu papel. Está fazendo o jogo de cena necessário nesse momento para agregar os interesses da maioria do partido. No momento certo, tudo será equacionado novamente”, declarou.
Ideologia
Oscar defendeu que antes de seguir a ideologia do partido, o parlamentar deve defender suas próprias convicções. O que justificaria a decisão de Garcia, em não seguir as orientações do partido.
“Antes da ideologia partidária, o político tem suas convicções próprias. Não podemos, por estar em um partido ideológico, entrar na onda da ideologia, sem defender o seu posicionamento”, declarou.
“O posicionamento do Fábio é que a reforma trouxe avanços. Não retrocesso com está sendo vendido por sindicalistas e partidos que, infelizmente, usam o momento para agradar a massa. Não estamos para agradar a massa, mas para mudarmos o Brasil”, disse.
O deputado ainda classificou como “balela” a teoria de que empresários como ele e Garcia não se enquadrariam no perfil ideológico de partidos socialistas, como o PSB.
“Hoje, quem está na política é que representa a sociedade. O socialismo nós fazemos diuturnamente quando utilizamos nosso cargo para ajudarmos as pessoas menos favorecidas. Nós todos, mesmo sendo empresários, fazemos isso com muita propriedade. Por isso, nos mantemos aqui sem qualquer problema”, afirmou.
“Por isso, nós estamos sendo avaliados para pleitear uma cadeira mais alta e a reeleição. Essa questão de que para ser do partido socialista precisa ser da base socialista é uma balela”, pontuou.
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