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Desemprego deve subir mais de 10% em 2016

Foto: Ahmad Jarrah

Diante de uma acentuada crise econômica e política pela qual passa o País, é preciso estar preparado para as adversidades relativas ao mercado de trabalho. Com pouca ou nenhuma perspectiva de melhora para os próximos anos, as taxas de geração de empregos, que já vêm caindo ao longo de 2015, devem continuar apresentando resultados negativos.

Diferentes indicadores apontam para uma forte deterioração do mercado, sugerindo que a retração do número de postos de trabalho pode passar dos 10% ainda nos próximos meses. É o que indica a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), de abrangência nacional.

“Na nossa avaliação, a Pnad Contínua chega aos dois dígitos no primeiro trimestre de 2016, quando haverá o fim das contratações de trabalhadores temporários e uma continuidade das demissões”, afirma Tiago Cabral Barreira, pesquisador em economia do trabalho do Ibre/FGV.

Encerrando um ciclo de 12 anos consecutivos com resultados positivos de geração de empregos, Mato Grosso fechou o ano de 2015 com saldo negativo de 14.570 postos. Conforme os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, os setores da indústria da transformação, construção civil e comércio foram os que mais demitiram.

Segundo informações da Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas/MT), entre novembro de 2014 e outubro de 2015 foram criados 452.799 empregos no Estado. Mesmo sem o comparativo do acumulado referente ao ano anterior, a secretária adjunta de Trabalho e Emprego, Ivone Lúcia Rosset, afirma que não foi uma queda muito expressiva.  

“Isso acontece em todo o País e aqui não foi diferente, principalmente depois da Copa do Mundo, quando tivemos uma desaceleração no aumento da geração de empregos. Mas, ainda assim a variação negativa foi pequena com relação ao ano anterior”, avalia Rosset.

Frente à previsão de que o desemprego deve crescer substancialmente no decorrer de 2016, o governo aposta na geração de trabalho por meio iniciativa privada, a partir de investimentos em infraestrutura. 

“Temos encaminhamentos do governo à Assembleia Legislativa, referentes à proposta do estatuto da micro e pequena empresa. Isso vai fortalecer a participação desses empreendedores nas compras governamentais. São investimentos para fomentar a iniciativa privada e gerar empregos. Apesar desse cenário de crise, o Estado vai investir mais em infraestrutura para continuar crescendo”, afirma a secretária adjunta de trabalho e emprego.

Crise

Para o analista político Alfredo da Mota Menezes, a crise política e as desavenças partidárias são nada mais do que reflexo de um modelo econômico que não funcionou. “Você acha que teria crise política sem crise econômica? O governo mudou o modelo econômico que vinha funcionando e deu no que deu”, sintetiza.  

Como não poderia deixar de ser, a recessão já levou o País a altos níveis de desemprego e as previsões não são nada animadoras. “Em 2014 o PIB cresceu 0,1% e em 2015 caiu 3%. Neste ano, a situação deve piorar bastante e a taxa do desemprego deve passar dos dois dígitos”, reforça Menezes.

Recessão de 2015

A recessão de 2015 – a mais intensa desde 1990 – levou à retração do mercado de trabalho, e este cenário deve continuar se acentuando. Setores empregadores como a construção civil e a indústria de transformação passaram a demitir em ritmo intenso, além de vários outros segmentos, que também começam a ser impactados.

Pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), cujo levantamento engloba as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife, a piora no mercado de trabalho também fica evidente. Em setembro, a desocupação chegou a 7,6%, o pior resultado para o mês desde 2009. Eram 1,9 milhão de desempregados, 670 mil pessoas a mais do que no mesmo mês de 2014.

O cenário de pleno emprego – que marcou o início da década – não deve ser retomado nos próximos anos. O desemprego no Brasil deve subir e se estabilizar em 7,5% ao ano até 2019. A informação está na 9ª edição do relatório "Indicadores-Chave do Mercado de Trabalho", Kilm, em sua sigla em inglês, da Organização Internacional do Trabalho, OIT.

"O relatório traz informações bastante detalhadas sobre o mercado de trabalho brasileiro e mostra que, até 2019, as taxas de desemprego devem subir e se estabilizar em torno de 7,5 ao ano. Então, a previsão é de aumento, em relação ao ano passado. Hoje, a taxa mensal já é de 8,3%, mas se nós tomamos a média anual, ela deve se estabilizar em torno de 7,5% até 2019".

A publicação também mostra que o nível educacional dos trabalhadores está aumentando em todo o mundo. No entanto, segundo a agência da ONU, isto não significa que trabalhadores com educação superior tenham, automaticamente, uma chance melhor de encontrar um trabalho.

Apesar de terem probabilidade menor de ficar desempregados na maioria dos países de renda alta, pessoas com ensino superior em países de rendas média e baixa têm mais chance de estar entre os desempregados, do que trabalhadores em escolaridade menor.

Confira detalhes da reportagem na edição 568 do jornal Circuito Mato Grosso

Thales de Paiva

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