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Desembargador que anulou júris do Carandiru recebe críticas

Desembargador Ivan Sartori recebe críticas e elogios em sua página no Facebook; magistrado rebateu comentários contrários à sua decisão de ter anulado o caso do 'massacre do Carandiru' e ter pedido absolvição dos 74 PMs condenados por 77 das 111 mortes de presos (Foto: Reprodução / Facebook)

O desembargador Ivan Sartori, que votou pela anulação dos cinco júris do “massacre do Carandiru” e ainda pediu a absolvição dos 74 policiais militares condenados pelos assassinatos de 77 dos 111 detentos encontrados mortos, vem sendo criticado e elogiado por internautas na sua página pública do Facebook por causa da decisão que tomou.

Na última terça-feira (27), ele e mais dois desembargadores da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ-SP) atenderam pedidos das defesas dos policiais e anularam os julgamentos que os haviam condenado a penas que variavam de 96 anos a 264 anos de prisão. De todos os agentes, só um está preso, mas por outros crimes (os assassinatos de seis travestis).

O principal argumento a favor da anulação é que a acusação não individualizou os crimes, apontando os presos que cada agente da Polícia Militar (PM) matou ao entrar na Casa de Detenção para acabar com uma rebelião em 2 de outubro de 1992.

Para Sartori, como não é possível saber quem disparou tiros contra os detentos,  todos os PMs devem ser inocentados.

"Não houve massacre. Houve sim uma contenção necessária à imposição da ordem e da disciplina", disse Sartori durante seu voto no TJ, na terça-feira.

Até esta sexta-feira (30) as pessoas escreviam comentários contrários e favoráveis ao desembargador na página oficial que ele tem na rede social como "Desembargador Ivan R.G. Sartori". R e G são as abreviassões de Ricardo Garísio.

“Lamentável sua decisão acerca dos policiais do arandiru senhor desembargador, além de injusta, sua decisão incentiva a impunidade policial, a violência institucional e a criminalização da pobreza! A desculpa da não possibilidade de criminalizar individualmente os policiais só demonstra a falta de interesse em um punir um crime hediondo, um massacre!!!”, criticou um homem na página de Sartori na web.

“Parabéns por sua coragem de fazer justiça com os valorosos Policiais Militares que diuturnamente defendem nossa sociedade. O mal do Brasil nesses últimos anos foi valorizar o errado, o criminoso, o ilegal, a bandidagem, por isso chegamos a essa situação calamitosa”, rebateu uma mulher em apoio ao desembargador.

Novo júri
Os magistrados Camilo Léllis e Edison Brandão, que também estão na 4ª Câmara Criminal, haviam votado por anular os julgamentos que ocorreram entre abril de 2013 e dezembro de 2014. Em seguida, pediram a marcação de novo júri.

Eles entenderam que os policiais foram punidos de maneira coletiva por quase todas as mortes. Trinta e quatro detentos teriam sido mortos pelos próprios colegas de celas. No entendimento dos magistrados seria preciso individualizar a conduta do que cada PM fez.

Na segunda instância da Justiça, os magistrados do TJ concordaram com a anulação dos júris de primeira instância. Eles citaram como exemplo um dos policiais que deu um tiro, mas foi condenado por mais de 70 mortes.

Caso as defesas dos policiais não entrem com um recurso, chamado “embargos infringentes”, a Justiça terá de marcar um novo júri para julgar os agentes pelo caso conhecido como “massacre do Carandiru”. Na hipótese de entrarem com o recurso, os desembargadores terão de se reunir novamente para decidir se marcarão um novo julgamento, como querem Léllis e Brandão, ou se absolvem os PMs, como sugeriu Sartori.

Para Sartori, que foi relator do recurso que anulou os júris do caso, não ocorreu um massacre. Ele pediu a extensão da absolvição de três policiais para os demais PMs.

“Rezo para que um dia o senhor seja responsabilizado por essa decisão Ivan. Se não pelos homens, por Deus”, postou um internauta a respeito da postura do magistrado.

Como resposta, Sartori respondeu a ele que “Minha consciência está bem tranquila […]”
“Aposto que sim! Nesse mundo quem não dorme bem são os justos Ivan”, replicou o mesmo internauta.

Salame
Uma internauta escreveu que Sartori “prende ladrão de salame faminto mas libera massacre, não só escreve seu nome na história da pior maneira possível como ajuda a manchar ainda mais a imagem cada vez mais combalida do TJ-SP e da Justiça como um todo no país”, sobre uma outra decisão do magistrado.

Em julho, o desembargador havia determinado a prisão de um homem acusado de furtar cinco salames de um supermercado em Poá, na Grande São Pauloxx. O réu foi condenado pela Justiça, em primeira instância, a pena de seis meses de prisão em 2013. A Defensoria Pública chegou a pedir a absolvição do réu, mas Satori negou alegando que o homem “é um infrator contumaz, que faz do crime meio de vida” e leva “risco a incolumidade pública”.

Mas na segunda instância, por decisão do magistrado, o acusado cumpre pena em regime semiaberto, podendo sair da prisão durante o dia e voltar à noite para dormir. Outros dois desembargadores acompanharam seu voto.

Outra mulher que seguiu quase o mesmo tom crítico ao postar que o magistrado “prende ladrão de salame faminto e libera massacre… coerente com interesses políticos… jamais com os da sociedade… escreveu seu nome na história da pior maneira possível…” recebeu uma resposta de Sartori.
“Vc é uma infeliz que não sabe o que diz. Mais uma incauta dos ativistas do pseudo-direitos humanos. Leia o voto (decisão) e depois de sua opinião de sua cabeça”, rebateu o desembargador.

Ela replicou ao escrever “caro: a plataforma de seu filho é interessante por si só, não precisava dessa ““forcinha”” forçada… em vez de ajuda-lo, capaz de atrapalhar…”. A internauta se refer ao fato de Sartori fazer propaganda eleitoral para o filho dele, Guilherme Sartori, candidato a vereador pelo PHS, que é um dos 12 partidos que apoiam a candidatura do empresário João Dória (PSDB) à prefeitura de São Paulo.

O G1 procurou a assessoria de imprensa do TJ para que Sartori comentasse as críticas e elogios que vem recebendo. Até a publicação desta matéria, o setor de comunicação do Tribunal não havia retornado.

Após os inúmeros posts que tem recebido, Sartori deixou em três tópicos um "ESCLARECIMENTO A QUEM POSSA INTERESSAR" no seu Facebook para quem criticou ele por fazer campanha para Guilherme:

"1. Por meio de minha homepage compartilhei sim post da campanha do meu filho. Além de ser filho, acredito no seu trabalho e bom caráter;"

"2. Não posso impedir meu filho de fazer política e procurar políticos. Nunca pedi absolutamente nada, em favor dele, ao Governador Geraldo Alckmin, com que sempre tive uma relação respeitosa e protocolar;"

"3. O cargo para o qual meu filho foi nomeado era simples e ele ali ficou por apenas três meses. A nomeação dependeu dele mesmo."
A página de Sartori tinha mais de 6.500 curtidas nesta sexta-feira.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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