O sonho do meu pai, eu sabia da vontade dele, escrever um livro. Um seu amigo de adolescência transcreveu algures. Tive em minhas mãos adolescentes suas vontades dos dizeres. Se incompletaram.
Seus instrumentos de aprendizado em ganhar a vida lhe tiraram desde a infância a caneta das mãos.
Honrado, tornou-se escultor em madeiras. Pois, com seu machado, sulcava e machucava o lenho verde, com lágrimas nos olhos, derrubando a mata virgem em busca de plantio primitivo para alimentar seus primeiros filhos. Venceu…
Foi cavaleiro do além, sempre apoiado nas patas de seu cavalo, que com maestria o conduzia a comercializações de animais de “amigos patrões”, em vendas de rebanhos. Ganhando bons dizeres e excelentes créditos.
Foi mestre imbatível, pois deixou herança a todos os filhos, em condução numa “boleia de caminhão”. O Brasil se tornou pequeno em seus buscares e talvez até mesmo por suas fugas em desamores, mas sua paixão pelos seus sempre transcendeu limites e ele os supria com suas competências de amares. Sempre cumpriu com sua presença em voltares. Sim, sempre foi presente, sempre voltou.
Lutou, foi lá e chegou…
Tornou-se alto em posses materiais…
Fez-se por competências um milionário. Mas a simplicidade de suas vivências não aceitava acúmulo de riquezas materiais, seus excedentes se tornavam doares aos amigos de maiores necessidades. Como este ato o fazia feliz!
Foi amante perfeito no sentido de doar-se, amou todas as suas mulheres.
Aos seus filhos, excessos de amores lhe causaram machucares. Eu inclusive o machuquei várias vezes, que me diga e permita o perdão que lhe peço.
Mas seu sonho permanecia: escrever um livro…
Talvez um dia em buscar evocações e pedir perdões, receba dele com a permissão “Divina”, em meus desenvolvimentos futuros, e em suas vontades de transcrevê-lo, dizer com todo orgulho em psicografia: “Seu Lindo Livro Está Pronto”.
Talvez inconscientemente já esteja fazendo isso e que a grandeza de sua humildade fortaleça meus crescimentos no escrever e no dizer. Talvez suas vontades já façam parte de mim, sem meus saberes.
Pai, onde fico!…
Que essa lágrima seja meu amor e perdão.
Até breve!…