O debate ríspido entre os candidatos transpassou a esfera de Dilma contra a Aécio e virou uma verdadeira disputa entre Montecchios e Capuletos. Como há muito me afastei dos ringues, resolvi não falar mais de política. Afinal, pra mim, votar no PSDB não é mudança, é falta de ler um livro de história. Uma batida na porta me assusta:
– Fala, chefe. Tem como descolar uma grana pra gasolina? – fala Sergião, meu editor corintiano, interrompendo meus devaneios levianos.
– Grana? Não recebeu este mês??? – disparo com síndrome de Nonô Corrêa, daquela novela antiga.
– Não é isso, é tudo culpa da Dilma. Fez eu comprar um Cruizer, e o carro gasta pra cacete.
Esqueci de ver o debate ontem. No problem. Não voto faz tempo. Meu título é do Rio de Janeiro. Decididamente não posso falar de política. Nem mesmo votar eu voto. Às vezes penso que minha dignidade não vale R$ 3,50 de multa. Porque vivemos num paradoxo causado pelo capitalismo. Investimos em consumo, não investimos em educação. Segundo um post do Dr. Eduardo Mahon, 90% dos brasileiros não sabem o que é leviana. Não sei se é piada pronta, mas infelizmente deve ser verdade. O lance que fui eu e mais 38 milhões que não votaram. De certa forma, nós colocamos nosso candidato no segundo turno.
– Amor, passa o frango e o ovo – falo com desdém apontando para um suculento bife que Flor havia acabado de passar.
– Para de chatice, João! Doze anos já tá bom, meu amor, se o outro cara for despreparado, a gente tira ele de novo.
– Despreparado ele não é. É o único que não leva papel e não usa marqueteiro. Aquela cara de Collor aspirando pó que não me convence. Isso tudo deve ser o Lula que deve estar patrocinando o Aécio para depois ele voltar. Mas não já disse pra você, meu amorzinho, que não falo mais de política?
– Política, papai??? – fala meu filho enquanto mastiga um pedaço de bife. – Eu sei como é política. João Mosquinha falou que vai votar no Aécio. 45.
– Uai, Joãozinho, tão fazendo campanha na escola?
– Não paiiiiiiiii – responde Joãozinho sem muita paciência. Tão fazendo política, né?!
