Está no mercado desde o dia 22/07/23 o livro “Que bobagem!” – editora Contexto – da dupla Natália Pasternak e Carlos Orsi. Ela,microbiologista considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela BBC em 2021, ele, jornalista e escritor que já ganhou o Prêmio Jabuti, um dos mais importantes da literatura brasileira.
A Dra, Natália ficou famosa durante a pandemia de Covid-19, quando aparecia com frequência na mídia, defendendo a vacina e combatendo as crendices e o uso da cloroquina e ivermectina que muitos, irresponsavelmente, divulgavam como eficazes contra a doença.
É um livro que trata as falsas ciências com a clareza e contundência nunca vistas na literatura nacional. Entre as crenças e práticas inúteis ou mesmo nocivas, ela destaca a Astrologia, Homeopatia, Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesa e Paranormalidade, entre outras.
Claro que os autores sabem que chacoalharam a casa de marimbondos e que vão levar ferroadas de todos os lados. Mas estão preparados, como mostram as notas no fim do livro que indicam a robustez das pesquisas que embasaram o livro.
O caso da homeopatia é interessante. Considerada uma especialidade na medicina brasileira, é mostrada pelos autores como tão inútil que nem mal consegue fazer aos pacientes, posto que os remédios usados, dependendo do grau de diluição do princípio ativo, não passam de pílulas de açúcar ou de farinha. É tamanha a inutilidade que não existe uma única molécula do fármaco sugerido nas doses ministradas aos pacientes. A rigor não passa de um placebo.
Sobre a ausência de qualquer molécula do princípio ativo de um composto, os adeptos da homeopatia se apegam à tese da “memória da água” o que justificaria a atuação de um agente que não existe, explicação que não convence.
Mas ela (a homeopatia) não é tão inofensiva assim. Enquanto, segundo os autores, as pessoas vão confiando nas gotas ou pílulas de açúcar, podem estar adiando ou mesmo impedindo a busca do tratamento pela medicina convencional, agravando a doença com riscos severos, até de morte.
Os adeptos da medicina alternativa, poderiam ser considerados somente negacionistas da ciência, como aqueles que acreditam que terra é plana, se não se dedicassem com tamanho ímpeto e fervor missionário em convencer os outros a seguirem sua “religião”. É o caso da Associação de Médicos para a Vida (MPV) criada em 2020 para divulgar as drogas Cloroquina e Ivermectina, mesmo depois que a ciência confirmou sua inutilidade, como mostrou O Estadão do dia 24/07.
Mas eles (MPV) vão além, mesmo após serem banidos do Instagram e do Youtub e de receberem uma multa milionária pelas Fake News que divulgam, aderiram à internet do Trump para insistirem em convencer as pessoas a não tomarem vacinas. O pior é que eles tem conseguido sucesso, basta ver a diminuição da busca por imunizantes nos postos de saúde.
São muitas as crendices que o livro desconstrói. O espaço não dá para comentar outros. Sugiro o livro.
Renato de Paiva Pereira.