Além dos prejuízos provocados pela dificuldade de acesso à feira por conta dos desvios das obras, o abandono também é resultado do aumento dos casos de assalto e consumo de drogas dentro e no entorno do centro de abastecimento. A consequência da falta de segurança junto com as obras da Arena Pantanal em torno da feira já levou a uma queda de mais de 50% das vendas no local.
Um dos feirantes que trabalha no local mas que preferiu não ter o nome revelado disse que a questão da violência sempre foi um problema no local que só piora a cada ano. E por isso as prateleiras acabam ficando mais vazias, assim como os boxes, abandonados.
“Tenho medo de vir trabalhar e ver minha loja arrombada, como aconteceu com outros feirantes. Além disso, nos locais onde não existem mais pessoas trabalhando os ‘noiados’ ficam utilizando droga e até fazem o espaço de banheiro, deixando o local muito fedido”, disse o feirante.
Em busca de soluções, Luciano de Souza, presidente Associação dos Permissionários do Terminal Atacadista (Apetac), realizou uma reunião com representantes da Prefeitura de Cuiabá no dia 26 de fevereiro, e segundo ele ficou acordado que na primeira semana de março as obras no barracão do Distrito Industrial já teriam, início.
“Uma empreiteira será responsável por revitalizar o lugar com as condições minimas para uso em dois meses, e depois os feirantes que estiverem com os impostos em dia terão 15 dias para fazer a mudança. Depois desse prazo o governo vai começar a construção do estacionamento de qualquer maneira”, diz Luciano de Souza. Contudo, em nota a assessoria da prefeitura apenas confirmou que já iniciou a discussão sobre a reforma no novo local, mas que ainda não há definição da data do início dos trabalhos.
E mesmo quando a mudança for concretizada, a prefeitura permitirá apenas que os permissionários que estejam com os débitos em dia se desloquem para o novo espaço, pois de acordo com o próprio presidente do Apetac, a dívida dos feirantes com o Executivo chega a R$ 500 mil.
Em relação à violência o presidente da Apetac confirma que a situação é crítica e que várias medidas já foram tomadas, envolvendo desde pedir a colaboração da polícia até contratar segurança particular, porém o problema persiste. “Os policiais dizem que não podem acabar com os usuários de droga da região porque se trata de uma questão social. E quando tentamos implantar sergurança particular, também ficou complicado devido aos custos serem altos”, explica Souza.
Jogo de empurra – A Prefeitura de Cuiabá informa que os feirantes devem deixar o local de qualquer maneira dentro de uma semana. Já a Secopa diz que espera trabalho da Prefeitura para começar obras.
Segurança apenas para o período da Copa
O delegado da Delegacia Especializada em Roubos e Furtos (DRFR), Roberto Amorim, reconhece a incidência de roubos e furtos praticados por usuários de drogas na região do Centro Atacadista do Verdão, porém entende que apenas prendê-los não resolverá o problema. “Para melhorar essa situação o meio mais eficaz é conduzi-los para um local de tratamento, e para isso é necessário a colaboração do Estado. Mas outro grande problema é que os locais de recuperação são particulares ou estão lotados”, diz Amorim.
Mas para a Copa, o delegado explicou que por normas própria dos jogos, a segurança será reforçada, com isso apenas os torcedores que entrarão no Estádio vão poder transitar em um raio de 500 metros, o restante terá que manter distância do estádio. Até mesmo os moradores que quiserem ter acesso às casas precisarão estar com liberação oficial.