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Desafio é normalizar canais de transmissão da política monetária, afirma Galípolo

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta segunda-feira, 11, que o Brasil tem hoje o desafio de normalizar os canais de transmissão da política monetária. Segundo Galípolo, o País convive estruturalmente com uma taxa de juros relativamente alta, ao mesmo tempo que a economia doméstica segue crescendo.

“Me parece que um dos temas centrais que a nossa geração vai ter que enfrentar é normalizar os canais de transmissão da política monetária. Ou seja, como é possível que o Brasil possa ser um paciente que com doses menores do remédio taxas de juros menos altas consiga o mesmo efeito acomodação da atividade. Esse é um ponto essencial”, frisou Galípolo, durante sua fala na reunião do Conselho Político e Social da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)

O presidente do BC pontuou que contornar esse problema exigirá diversas reformas ao longo dos anos, já que trata-se de uma questão estrutural e não conjuntural. “Vai demandar mais tempo e será preciso uma série de medidas, que envolvem muita coisa que está além do mandato do BC e precisa ser discutido com a sociedade.”

Comunicação

No início da sua fala, Galípolo reforçou que não pretendia passar nenhuma nova mensagem ao mercado, que não aquela que já está nas comunicações oficiais da autoridade monetária.

Segundo o presidente do BC, qualquer interpretação nova que pudesse surgir em suas falas desta segunda-feira, estariam equivocadas.

Galípolo reforçou ainda que as falas dos diretores em eventos e a comunicação oficial do BC tem sido “harmoniosa”, e que isso o deixa contente. Além disso, o presidente do BC disse que a atual composição da autarquia é “fantástica”, com pessoas generosas que possuem inteligência emocional e pouco ego.

Volume de impulso fiscal para crescimento

O presidente do Banco Central disse ainda que, desde o fim da pandemia, um mesmo montante de transferências fiscais do governo tem produzido um impulso positivo maior para o aquecimento da economia.

“Tenho feito a brincadeira de que as projeções dos economistas para o crescimento do PIB têm se parecido um pouco com os aplicativos de trânsito: quando você sai da sua casa, ele te dá um tempo de previsão de viagem e a cada esquina ele vai recalculando. A gente tem se comportado um pouco assim”, detalhou Galípolo, reforçando que é por isso que as projeções do mercado para a economia têm sido revisadas para cima.

Segundo Galípolo, uma das explicações para isso é que as políticas fiscais desde a pandemia têm tido um caráter progressivo, o que significa transferências de renda para pessoas com mais propensão a consumir.

O presidente do BC, pontuou que, desde de 2023, algumas métricas de inflação, como a de serviços, vem cedendo gradativamente. Com isso, dado que o nível da Selic estava estável, o juro real estava subindo. “Ou seja, com a inflação caindo e o mesmo juros nominal, você estava ampliando o aperto”, disse ele, frisando que este era o cenário esperado para este ano de 2024.

Neste cenário, Galípolo detalhou que as projeções de mercado sobre a política fiscal para este ano não têm se alterado muito, ao passo que as de PIB sim. “Então, não é exatamente que você teve um impulso fiscal adicional, mas que o mesmo nível de gasto fiscal estava surpreendendo do ponto de vista de atividade econômica”, frisou.

Estadão Conteudo

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