Após um dia de protestos, deputados estaduais do Rio de Janeiro retomam nesta quinta-feira (17) as discussões sobre o pacote anti-crise do governo do estado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Entre as medidas que serão discutidas neste segundo dia estão o fim do Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores (Ceperj) e o aumento da contribuição previdenciária dos servidores, que passaria de 11% para 14%.
Nesta quarta-feira (16), dois dos 21 projetos propostos pelo governador Luiz Fernando Pezãoforam discutidos. A sessão terminou por volta das 18h50 com um prazo estabelecido para a apresentação de emendas aos dois projetos debatidos, e a promessa do presidente da casa, Jorge Picciani (PMDB), de que abrirá as galerias e a tribuna de honra da Alerj para os servidores nesta quinta-feira.
O presidente da Alerj, Jorge Picciani, deu até esta quinta (17), às 18h30, prazo para que os deputados apresentem emendas para dois projetos apresentados pelo governo. Um deles propõe a redução salarial de governador, secretário e subsecretários em 30%. O outro projeto diz que as dívidas do Estado com fornecedores acima de 15 salários mínimos – e não mais 40 – podem ser pagas na forma de precatórios.
Picciani acredita que os ânimos vão se acalmar a partir de agora. Ele disse ter recebido também nesta quarta 16 sindicalistas e abrirá a agenda para receber outras lideranças nesta semana."Tem que se ter paciência. Vamos votar e fazer o melhor em defesa do Estado"
Manifestação nesta quarta-feira teve cinco feridos
A votação foi precedida por uma manifestação contra o pacote de ajuste fiscal, que aconteceu do lado de fora da Alerj. Enfrentamentos entre manifestantes e PMs deixaram cinco feridos (quatro homens do Batalhão de Choque e um bombeiro), segundo informação da GloboNews. Parte dos manifestantes chegaram a derrubar a grade instalada durante o feriado.
A sessão começou às 15h07, quando 62 dos 70 deputados estaduais do Rio discutiam a crise no plenário da Alerj.
Picciani previu ainda que nenhum projeto será votado em novembro, apenas em dezembro. "Vamos com tranquilidade. O debate será aberto, todos terão direito ao contraditório, e discutiremos os ajustes para que o Rio saia dessa crise", afirmou.
Debates
A deputada Enfermeira Rejane (PC do B) afirmou que a sessão deveria ser suspensa e que Pezão seja chamado à Alerj. Já a deputada Cidinha Campos, no fim de seu pronunciamento, gritou "Pede as contas, Pezão". Deputado Waldeck Carneiro (PT) afirmou que se sentiu constrangido com o cerco de policiais no local.
O deputado Marcelo Freixo (PSOL) aproveitou falar isenções fiscais dadas pelo governo. "Abra a caixa preta dos benefícios fiscais de empresas." André Corrêa (PSD) disse que eles precisam fazer as contas para ver o que precisam até 2019.
"Se a gente pensar na próxima eleição, a gente vai entrar em colapso. Aí o novo governador eleito vai ter legitimidade para negociar de sair dessa crise. Por isso, chamo pacto de travessia. Acho que temos que fazer essas contas e ver o que precisamos para chegar até junho de 2019. E ver que o setor empresarial tem que dar a sua contribuição, pelo menos, neste período. Os poderes têm que cortar. E os servidores vão ter que dar a sua contribuição também."
Protestos no Centro
Manifestantes começaram a se concentrar em frente à Alerj por volta das 10h. Em torno das 12h, alguns derrubaram as grades do local. O Batalhão de Choque da Polícia Militar usou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes.
Houve muita correria, mas um grupo continuou resistindo. Às 13h15, uma nova confusão ocorreu, e a polícia chegou a jogar gás de pimenta na direção dos manifestantes. Por volta das 13h30, um grupo tentou invadir o prédio da pimenta na direção dos manifestantes. Por volta das 13h30, um grupo tentou invadir o prédio da assembleia e chegou a derrubar uma parte da segunda barreira de grades que isolam o Palácio Tiradentes.
Um vídeo feito nesta tarde mostra dois policiais do Batalhão de Choque deixando o cerco a Alerj. "Não queremos mais participar disso", teria dito um deles após a corporação soltar bombas contra servidores, segundo o autor do vídeo, Julio Trindade.
É possível ouvir um estampido no início das imagens. Nelas, os militares são ovacionados por ativistas que os acompanharam. "Parabéns, guerreiro", diz um. "Boa, Choque", diz outro. O vídeo foi publicado em uma rede social e obteve milhares de visualizações em poucos minutos.
Enquanto a sessão acontecia no plenário, por volta das 18h, servidores continuavam concentrados em frente à Alerj. Depois de quase cinco horas de protesto, um manifestante informou que um grupo conversou com o presidente da Alerj, Jorge Picciani. Ele informou que ficou acertado que, antes da votação de cada projeto, representantes dos sindicatos vão se reunir com os deputados.
Também ficou marcada uma reunião na próxima terça-feira (22) com representantes de sindicatos. Eles devem levar uma pauta de sugestões para o governo. As informações são da Globonews.
O que disse o governador
Em uma entrevista coletiva no Palácio Guanabara, sede do governo do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão afirmou que a violência nos protestos contra o pacote de austeridade não leva a nada.
“Essas medidas não são para prejudicar. Essas medidas são para garantir o calendário de 17 e 18. E não vai ser na violência. Isso tem que ser discutido dentro do parlamento, da Assembleia Legislativa. E o que for de âmbito federal será discutido dentro do Congresso Nacional. Depredação de prédio público não traz nenhum benefício. Essas pessoas que estão indo lá com violência, que levem ideias para dentro do parlamento, para resolver essa crise que não é só do Rio de Janeiro, mas é do Brasil”, afirmou Pezão.
Fonte: G1