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Deputados que mudaram votos sobre maioridade penal são repudiados

Deputados que votaram contra a redução da maioridade penal e depois mudaram de opinião foram hostilizados em suas páginas oficiais no Facebook até mesmo por quem apoia a medida.

A nova versão da Proposta de Emenda à Constitução (PEC),  aprovada com 323 votos favoráveis e 155 votos contra e 2 abstenções na madrugada de quinta-feira (2), prevê redução da maioridade penal para 16 anos em casos de crimes hediondos, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte. A anterior incluia outros crimes e foi rejeitada na madrugada de quarta-feira (1º). Eram necessários 308 votos favoráveis para aprovar a PEC

"Isso não tira sua responsabilidade, me desculpe deputada, mas meu voto e de minha família a senhora não vai ter mais", escreveu um eleitor para Mara Gabrilli (PSDB-SP), que mudou de posição e votou a favor da redução na segunda votação. "Não adianta mudar de opinião! Eu não vou esquecer! Não voto mais em vc Mara !!!!!!!!", escreveu outro internauta.

A tucana já havia sido alvo de uma pesada artilharia durante a quarta-feira (1º), um dia depois de dar um dos cincos votos do PSDB contrários à redução (51 parlamentares do partido participaram) e argumentar, em texto na internet, que "votar pela redução seria uma medida populista e irresponsável da minha parte". 

"Deputada, quando um menor de 18 assaltar, matar ou violentar alguém da sua família, por favor leve para a sua casa e ofereça educação de qualidade a ele", comentou um internauta.

Após apoiar a redução na segunda votação, Mara publicou um novo texto argumentando que se tratava de um projeto diferente que "não reduz a maioridade penal – embora o faça – e apenas abriria "uma exceção que permite que jovens entre 16 e 18 anos sejam penalizados em casos de crimes hediondos, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte". 

A argumentação não convenceu os eleitores favoráveis à redução.

"E aquele seu discursinho de que menor não tinha que ir pra cadeia!! Que a solução estava na Educação!! Sentiu a água bater na canela e voltou correndo pro navio!! Tarde demais…..já mostrou sua cara!!!", diz um comentário postado na página da deputada.

Um dos dois únicos integrantes do DEM a votar contra na primeira oportunidade, Henrique Mandetta (MS) também foi desqualificado por defensores da redução da maioridade penal .

"Mandetta, vocês mudou seu voto porque a população do Brasil inteiro caiu de pau em cima de vocês (…) Ou vc acha que somos idiotas??", escreveu um internauta. "Espero que seus eleitores não se esqueçam que você votou não na primeira vez, votou contra o seu partido e contra a sociedade. Você não será reeleito!", disse outro.

Num texto para defender sua mudança de posição, o democrata ressaltou que sempre foi a favor da redução da maioridade penal apenas para crimes contra a vida ( homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte e crimes hediondos), e não para casos de menor gravidade.

Dulce Miranda (PMDB-TO) argumentou que nao mudou de posição ao votar contra o primeiro projeto de redução da maioridade penal e a favor do segundo, dizendo que as matérias votadas eram diferentes. 
"Agora apoia os ladroes e bandidos em um dia e no outro muda!!! Vc não lê jornal, assite TV etc???…, ou seja, não ve oq o povo quer de verdade!!!!", escreveu um internauta. "Acorda antes de votar contra o povo!!!"

Hostilidades ao "não"

Outros deputados que contrariaram o posicionamento de partidos favoráveis ao texto também foram hostilizados no dia seguinte à derrubada da primeira versão, mas não mudaram de posição. Do total de 513 deputados do Parlamento, 184 votaram contra a redução e 303 a favor nessa ocasião.

"Acho que votar a favor da redução abre brechas para uma série de outros problemas que não estão sendo discutidos, como a prostituição precoce e a venda de bebida alcoólica a menores", declarou ao iG Zenaide Maia (PR-RN), ataca pelos internautas. "Será que a sociedade está pronta para isso também?"

O argumento foi semelhante ao usado por Clarissa Garotinho (PR-RJ) para justificar seu voto contrário à PEC. Ela afirmou à reportagem ter agido "com responsabilidade", criticando colegas que votaram favoráveis à proposta "apesar de saberem que reduzir a maioridade não reduz a violência".

"Não me parece a solução [a mudança na lei]. Outros países fizeram isso no passado e agora estão voltando atrás. É o caso da Espanha e da Alemanha, que perceberam que a redução não acabou com a violência", apontou Clarissa.

"Quero fazer uma pergunta àqueles que, neste momento, estão questionando a posicão de quem votou contra a redução: que tipo de benefício nós (deputados) temos com isso? Benefício eleitoral, nenhum, já que a maioria da população se manifestou a favor da redução. Além disso, jovens de 16 e 17 anos não são obrigados a votar, a maioria não tem nem título de eleitor. Então, a única coisa que nos levou a votar contra foi a manutenção de um posicionamento responsável."

Fonte: iG

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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