Donadon se apresentou em uma rua de Brasília ao superintendente da PF no Distrito Federal, Marcelo Moseli, e outros policiais federais. Ele se entregou em frente a um ponto de ônibus e assinou o mandado na rua mesmo. O parlamentar terá que passar por exames e ficará preso até ser transferido para um presídio.
Ao longo de toda quinta-feira a PF utilizou informações de inteligência, seguiu carros suspeitos, fez buscas no apartamento funcional e no gabinete, além de realizar intensas negociações com os advogados do parlamentar para tentar viabilizar a prisão. Porém, o deputado não foi encontrado e preso.
Donadon fechou um acordo para se entregar de forma espontânea e se encontrou com o chefe da PF no Distrito Federal. Inicialmente, ele chegou a descumprir um acerto com a PF para se apresentar até o início da tarde. O diretor-geral da PF, Leandro Daiello, participou da negociação para que não houvesse turbulência no processo.
Foi acertado que não haveria uma exposição de Donadon. Uma das preocupações era com a imagem dele sendo preso por agentes da Polícia Federal.
O deputado começou a ser procurado desde o fim da tarde de quarta-feira. A busca partiu horas depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) determinar a imediata prisão do parlamentar.
Donadon foi denunciado em 1999. Ele foi condenado em outubro de 2010, quando o tribunal entendeu que ficou comprovada sua participação em esquema na Assembleia de Rondônia que, segundo as apurações, desviou R$ 8,4 milhões por meio de simulação de contratos de publicidade. Nesta semana, os ministros entenderam que não cabia mais chance para recursos e determinaram a prisão.
A entrega do deputado foi negociada pelo advogado Nabor Bulhões, que assumiu o caso depois da condenação em 2010. Ele foi procurado em seu gabinete por integrantes da cúpula do PMDB que fizeram a intermediação para a contratação. Na época, a recomendação do PMDB a Bulhões foi para apresentar os recursos e também entrar em campo para evitar uma eventual prisão.
O advogado ainda estuda, mas deve pedir ao STF um recurso chamado de revisão criminal, que pode ser proposto contra decisões já efetivadas.
CASSAÇÃO
Como não foi encontrado, a Câmara ainda não conseguiu notificá-lo da abertura do processo de cassação de seu mandato. Emissários da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) devem fazer hoje uma terceira tentativa.
Se não for localizado, a partir de segunda-feira, a abertura do processo será publicada no Diário Oficial da União, abrindo o prazo de cinco dias para a apresentação da defesa. Depois da CCJ, o processo de perda do mandato terá que passar pelo plenário da Câmara, tendo que ser aprovado por 257 deputados.
Nesta quinta, o PPS pediu que o comando da Câmara decrete a cassação imediata de Donadon. "Não cabe às Casas do Congresso, segundo decidiu o Supremo, deliberar sobre a perda ou não do mandato do parlamentar com a sentença criminal condenatória", disse o presidente do partido, deputado Roberto Freire (SP).
A expectativa é que a questão seja rejeitada. O entendimento é que cabe ao parlamentar o amplo direito de defesa, mesmo com a condenação.
Fonte: Folha On Line
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