Internacional

Deputada morre após ser esfaqueada e baleada no Reino Unido

A deputada britânica trabalhista Jo Cox morreu nesta quinta-feira após ser baleada e esfaqueada em um ataque na cidade de Birstall, perto de Leeds. Ela iria completar 42 anos na próxima quarta-feira. Um suspeito foi preso.

As autoridades não confirmaram relatos de que o agressor teria gritado "Reino Unido antes", em possível referência ao referendo pela saída da União Europeia (UE) ou a um partido de extrema-direita britânico. Após o ataque, atos de campanha do referendo foram suspensos.

O responsável pela agressão foi identificado como Thomas Mair, de 52 anos, embora a informação não tenha sido confirmada pela polícia. Segundo o irmão, ele teria um histórico de problemas mentais.

Jo estava nas escadas da biblioteca da cidade quando foi atacada, após participar de um evento no local. Uma pessoa contou ter visto a deputada caída e sangrando perto dos degraus. Ainda na cena do crime, a mulher foi declarada morta por um paramédico.

— Ele estava lutando com ela, então a arma disparou duas vezes e ela caiu entre dois carros. Eu fui até lá e ela estava sangrando no chão — relatou uma testemunha.

Outras pessoas contaram que houve uma discussão antes dos tiros, que, segundo relatos, podem ter atingido a cabeça de Jo. Um homem de 77 anos também ficou ferido no ataque.

— Havia um sujeito que estava muito irritado e um outro com um boné de beisebol que estava tentando controlá-lo. De repente, o homem de boné puxou uma arma da bolsa — contou Hithem Ben Abdallah, que estava num café próximo.

O homem teria dado um passo para trás e a deputada teria se envolvido na confusão, contou Abdallah.

MOTIVAÇÕES NÃO ESTÃO CLARAS

Ainda não estão claras as motivações do ataque. Algumas testemunhas afirmam que o agressor gritou "Reino Unido antes" ("Britain First") ao atacar Jo.

— Ele estava atacando ela como uma faca em múltiplas vezes enquanto gritava "Britain First, Britain First, Britain First" — relatou uma testemunha.

A expressão ("Britain First") é o nome de um partido nacionalista de extrema-direita, que defende políticas anti-imigração.

Além disso, "Britain first" é o slogan dos que defendem a saída do Reino Unido da UE. O país terá um referendo na próxima quinta-feira sobre a permanência no bloco europeu.

— Estamos extremamente chocados de ver estes relatos e estamos empenhados em confirmá-los porque, é claro, por enquanto são apenas boatos. Isto acabou de chegar ao nosso conhecimento e não é o tipo de comportamento que toleraríamos — disse Jayda Fransen, líder do partido Britain First.

A deputada foi levada numa ambulância aérea para o Leeds General Infirmary. Jo Cox, de 41 anos, foi eleita no ano passado pelo Partido Trabalhista. Ela tem dois filhos.

Em entrevista coletiva, autoridades britânicas disseram que trabalham para entender o motivo do crime. A polícia não está procurando outras pessoas que possam estar ligadas ao caso e acredita que este seja um episódio isolado.

ATAQUE ANTES DO REFERENDO

Recentemente, Jo defendeu a permanência do Reino Unido na UE. Ela pediu que os britânicos votassem contra o Brexit (abreviação de British Exit, que significa “Saída Britânica” em inglês), no referendo da próxima semana. Na véspera do ataque, participou de uma "uma batalha no Tâmisa", com barcos das campanhas a favor e contra a saída.

"A imigração é uma preocupação legítima, mas não é uma boa razão para deixar a UE", escreveu recentemente Jo em seu Twitter.

Boris Johnson, o ex-prefeito de Londres que defende a saída da UE, disse que estava suspendendo a campanha volante em East anglia em respeito ao estado da deputada, ao lado de outros membros do grupo. Representantes da campanha pela permanência do país no bloco também suspenderam suas atividades pelo resto do dia.

Uma imagem da prisão do suposto agressor circula nas redes sociais, embora ainda não haja confirmação das autoridades de que este seja o homem responsável pelo ataque.

No Parlamento, Jo Cox é conhecida por ter ido contra o líder dos trabalhistas, Jeremy Corbyn, ao defender uma ação britânica na Síria. "Síria é o teste de nossa geração, nossa responsabilidade", escreveu em um artigo.

No Twitter, Corbyn expressou choque com o ataque:

"Toda a família do Partido Trabalho, na verdade todo o país, estão em choque e tristes com o assassinato horrível de Jo Cox."

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, por sua vez, disse à BBC que o Reino Unido "perdeu uma estrela".

Fonte: G1

Redação

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