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Os depoimentos dos envolvidos no suposto esquema de desvio de dinheiro, para o pagamento da desapropriação de um imóvel no valor de R$ 15,8 milhões, sob a liderança do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), revelam ameaças, agressões e uma suposta fraude no atual governo de Mato Grosso.
As declarações fazem parte do depoimento recolhido na Operação Sodoma 4, deflagrada pela Delegacia Fazendária (Defaz) nesta segunda-feira (26). Na denuncia, realizada junto ao Ministério Público, o órgão relatou que Marcel De Cursi, teria transformado R$ 1 milhão em 10 quilos de ouro.
No documento, o MP alega que o empresário Filinto Muller criou a empresa de fachada SF Assessoria e Organização de Eventos para lavar dinheiro em prol da organização criminosa. Segundo o Ministério, ficou comprovado o pagamento de R$ 15 milhões que eram referentes ao pagamento dos integrantes do grupo, no qual teria uma lista detalhada dos valores, datas e movimentações, bancárias e ainda a identificação de terceiros beneficiados pela empresa.
Marcel De Cursi teria recebido a quantia de R$ 750 mil da empresa de Filinto e acrescentao R$ 250 mil, totalizando R$ 1 milhão. O valor total teria sido entregue ao ex-presidente da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), João Justino, para que providenciasse a compra do ouro. O Ministério Público afirma que a quantia possibilitou a compra de 10 quilos de ouro, que foram entregues a Marcel pessoalmente por Pedro Nadaf no final de 2014.
Sobre as agressões, em depoimento Nadaf revelou que o ex-governador quase foi agredido pelo empresário e dono de uma factoring Valdir Piran, por conta de uma dívida de campanha eleitoral de R$ 40 milhões. De acordo com Nadaf, ele teria presenciado a cena que teria acontecido na Casa Civil, quando Silval ainda era governador.
Outra situação revelada por Pedro Nadaf foi sobre uma quantia de R$ 100 mil que receberia do empresário Alan Malouf para ajudar a receber propinas de empresários com contratos no Palácio Paiaguás. No entanto Nadaf se resguardou para relatar mais informações sobre o caso em um “momento oportuno”.
Todas as informações foram reveladas na a decisão da juíza Selma Rosane dos Santos, da 7ª Vara Criminal, que decretou a prisão de Valdir Piran, Arnaldo Alves, Silval Barbosa, Sílvio Correia e Marcel de Cursi, além de buscas, apreensões e conduções coercitivas. Pedro Nadaf também integrante da organização, confessou os crimes que cometeu e tem colaborado com as investigações, com isso ele não recebeu nenhum pedido de prisão preventiva.
Na decisão a magistrada afirmou que a organização criminosa ameaça de morte quem quer acabar com o “sistema de corrupção”. As ameaças foram reladas por Pedro Nadaf, réu confesso, e o colaborador Afonso Dalberto juntamente com o César Zilio, também colaborador das investigações.
Selma cita as intimidações que são feitas pelo grupo como “homem de boca mole vira comida de formiga", "quem tem cá, tem medo", "quem tem boca fechada não entra formiga” (sic), de acordo com o documento as ameaças se repetiram com maior frequência durante a deflagração das operações Sodoma e Sodoma 2.
“Essas informações retratam que a organização criminosa profere ameaças de morte contra quem pretenda desmantelá-la, no claro intuito de proteger seus membros e manter sua integridade”, diz trecho da decisão.