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O delegado titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) Flávio Henrique Stringueta deixará a unidade para trabalhar na reformulação da 2ª Delegacia de Polícia, do Bairro Carumbé em Cuiabá-MT.
Stringueta fez uma carta de despedida para os companheiros, onde aponta o descontentamento com a saída da gerência, onde ficou a frente por cinco anos e 11 meses. O delegado conversou com Circuito Mato Grosso, e falou sobre sua saída.
“Eu sabia que um dia, iria sair ninguém é titular ou fica a frente de uma unidade para sempre, o meu descontentamento na verdade, foi a falta de comunicação ou consulta sobre a minha remoção, apenas disseram você vai para tal unidade e pronto”, comentou o delegado.
Ele ainda informa que praticamente ficou sabendo da sua saída por meio da imprensa.
“Eu tinha uma ideia do que poderia estar acontecendo, quando chamaram o delegado adjunto do GCCO, Diogo Santana Souza para uma conversa perguntando se ele aceitaria assumir a unidade, depois disso, logo vi a notícia na imprensa sobre a minha ida para a 2ª DP”, explica Flávio.
“O grande problema foi a falta de comunicação ou consulta comigo mesmo para ao menos falar sobre a minha saída e troca de delegacia. Terei o maior prazer em assumir a 2ª DP, só fiquei decepcionado com a falta de respeito com que conduziram essa troca”, finaliza ele.
Segundo o delegado geral da PJC, Fernando Vasco Spinelli Pigozzi, a população cuiabana merece um atendimento de qualidade por isso a escolha de Stringueta para a 2ª Delegacia de Polícia.
"As mudanças são naturais e ocorrem em qualquer unidade ou instituição visando adequar questões administrativas. Estamos promovendo um incremento de delegados para reforçar o Planalto porque acreditamos que a população merece atendimento de qualidade, moderno e uma segurança cidadã", disse o delegado geral.
Ainda para a 2ª DP do Planalto serão lotadas policiais femininas (investigadoras e escrivães) com perfis adequados ao atendimento das demandas de ocorrências.
"No diagnóstico dos primeiros meses de gestão, observamos que o maior clamor da população é um atendimento de qualidade nas delegacias. O cidadão que procura uma unidade policial já chega vulnerável. Ele necessita de um atendimento humanizado para que não se sinta vítima duas vezes", finalizou.
Confira a carta do delegado na íntegra:
“Meus amigos. Tecerei aqui algumas verdades sobre a minha saída da GCCO, unidade que estou como titular desde o mês de maio de 2011, portanto há quase 6 anos, com uma passagem de cerca de 50 dias pela DAE. Qualquer outra versão que ouvirem, desconfiem, pois estará maqueada pelo interesse político de esconder como o sistema funciona.
Minha remoção da GCCO foi feita de forma autoritária, sem motivação expressa, pré-requisito indispensável a qualque ato administrativo. Até ontem, terça-feira (11), o nosso Delegado Geral não teve a decência, consideração, ou mesmo delicadeza, de me chamar para uma conversa sincera sobre o ocorrido. Agiu com covardia, tranferindo a aua responsabilidade para o Dr. Veiga, que hoje acumula as Diretorias de Atividades Especiais e Metropolitana, e que me afirmou que não tem o que me informar sobre o porquê dessa remoção repentina de uma unidade de elite da PJC/MT para uma indesejável pela maioria dos policiais (2° DP), dando-me a convicção de que foi um ato com motivação pessoal, totalmente desprovido de interesse público.
As digitais do Secretário de Segurança Pública de MT aparecem reluzentes nessa redoma que encobre a real motivação para explicar o inexplicável, o que nos remete aos tempos negros da pior ditadura militar vividos neste país, condição de vida que até me dá saudades, onde os direitos da população eram extremamente limitados.
Vemos hoje uma limitação implícita ao direito de se expressar, não nos sendo permitido contrariar/criticar as ações do Governo e da SESP.
Não pensava em me perpetuar na titularidade da GCCO, mas esperava ser tratado com um mínimo de respeito, direito de qualquer servidor. Triste, covarde e autoritária a conduta do DG Fernando Vasco, em cuja pessoa eu cheguei a depositar expectativas de uma mudança na forma de agir e pensar da diretoria da PJC/MT, e me decepcionei profundamente. Entra diretoria, sai diretoria, as condutas se repetem, o que acaba me tirando a esperança de ver uma forma dinâmica e corajosa de gerir a nossa instituição. Continuam provincianas.
Eu não me curvarei aos desmandos de pessoas que se mostram, com suas atitudes, despreparadas para as funções que desempenham, no caso o Dr. Fernando Vasco e DR. Rogers Jarbas. A propósito, este último ainda não nos mostrou qual foi a vantagem que a PJC/MT teve em ter um Delegado de Polícia como Secretário de Segurança Pública. Creio que nem a PM/MT sabe nos informar alguma vantagem em ter um policial na mais alta posição da segurança pública de um estado.
Fico triste quando percebo que a forma de fazer política e polícia no MT ainda é baseada em interesses mais pessoais do que instituicionais. Rogo a Deus que ilumine as mentes desses gestores, para que não façam mais com outros servidores o que estão fazendo comigo. A sociedade agradecerá.
Se a intenção desse ato de remoção compulsória era me derrubar, informo que já aprendi a cair e me levantar mais forte. Não foi a primeira vez que fui tratado assim por nossos administradores, e infelizmente creio que não será a última.
Despeço-me de vocês com a cabeça erguida, com a certeza que cumpri minhas atribuições enquanto à frente desta Gerência. Desejo ao Dr. Diogo, meu amigo, que tenha uma excelente gestão à frente desta unidade especializada, podendo contar comigo em qualquer situação.
Desejo a todos vocês sucesso, e lhes peço que continuem agindo com o mesmo profissionalismo, companheirismo e lealdade que tiveram comigo.
Força e Honra a todos.
Forte abraço.
Estou indo, mas estarei na GCCO até quinta-feira.
Dr Flávio Henrique Stringueta”.