Na sede da Polícia Interestadual de Mato Grosso (Polinter), ele negou o crime e ainda ironizou sobre a Operação 'Abadom', deflagrada em junho deste ano com o intuito de desmontar esse esquema envolvendo policiais e traficantes.
"Essa operação deveria se chamar abadá e não Abadom. É uma vergonha o que estão fazendo comigo, que já tenho 30 anos de serviços prestados à Polícia Civil. Isso é uma palhaçada", declarou João Bosco, que era considerado foragido desde o último dia 6, e teve pedido de habeas corpus negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) nesta semana.
Bosco, que atuava na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, se apresentou na Polinter acompanhado da mulher, a investigadora Gláucia Alt, que também é acusada de associação ao tráfico, e do advogado dele, Paulo Taques.
Quando a operação foi deflagrada, Bosco e a mulher ficaram cerca de uma semana presos e conseguiram a liberdade. Porém, depois que o processo foi transferido da Comarca de Várzea Grande para a Vara do Crime Organizado em Cuiabá, as prisões preventivas dos dois foram decretadas novamente.
O delegado alegou que só se entregou à polícia porque a mulher dele obteve um habeas corpus no Tribunal de Justiça de Mato Grosso nesta sexta-feira (20). Bosco afirmou que ele e Gláucia não poderiam ficar presos porque têm uma filha de dois anos que está com problemas psicológicos e que um deles deveria ficar com ela.
"Eu não acho que preencho o requisito para a prisão. E não entendo porque decretaram a prisão, porque não surgiu nenhum fato novo que justifique. Eu estou revoltado com tudo isso", declarou.
Gláucia também se manifestou e disse que ela e o marido estão sendo vítimas de perseguição. "A cúpula da Polícia Civil está nos perseguindo. É algo pessoal e o Bosco irá revelar do que se trata", pontuou.
Durante sete meses de investigações foi apontado que João Bosco e sua esposa participaram de um esquema de acobertamento do tráfico de drogas em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. A apuração culminou em junho com a operação Abadom, comandada pela delegada Alana Cardoso, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).
No processo que tramina em Cuiabá consta que a delegada registou Boletim de Ocorrência relatando que sofreu ameaças de morte por conta das declarações que teria dado à imprensa sobre Bosco e a mulher. O delegado negou o crime. “E essa bendita encomenda que eu teria feito para matar a delegada? Isso é uma piada!".
Gláucia também saiu em defesa do policial. "Essa denúncia de ameaça é uma mentira. Meu marido tem reputação ilibada. Ele jamais iria contratar uma pessoa para matar a delegada. Nós confiamos na Justiça", disse.
Bosco e a mulher respondem na Justiça pelos crimes de associação ao tráfico e corrupção passiva. Os policiais foram afastados dos cargos pela Polícia Civil, mas continuam a receber os salários normalmente.
Outros quatro policiais civis também estão presos, acusados de concussão, extorsão mediante sequestro e abuso de autoridade. Eles estão presos no anexo do presídio Pascoal Ramos, atrás da Polinter, onde Bosco também ficará recluso.
Escutas telefônicas, segundo a Polícia Civil, atestariam a relação do delegado e da mulher dele com membros da quadrilha de tráfico de drogas de Várzra Grande, o que ambos negam qualquer participação. O delegado não negou, no entanto, que a voz interceptada fosse a dele, mas apontou que a conversação havia sido com uma pessoa com quem estava comercializando imóveis e automóveis.
Fonte: G1